Folha de S. Paulo


Ataque em Istambul mata 10 e fere 15; Turquia culpa Estado Islâmico

Veja vídeo

Um homem-bomba supostamente vinculado à facção terrorista Estado Islâmico detonou nesta terça-feira (12) uma bomba no bairro turístico de Sultanahmet, em Istambul, deixando ao menos dez mortos —dos quais ao menos oito são turistas alemães e um peruano— e 15 feridos.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, disse que o número de mortos não inclui o suicida, que descreveu como um "estrangeiro" membro do EI. Previamente, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o responsável pela explosão tinha nacionalidade síria.

A informação sobre a nacionalidade foi corroborada pelo vice-premiê, Numan Kurtulmus, que também informou que o homem-bomba nasceu em 1988. A agência de notícias privada Dogan, porém, afirmou que o terrorista era saudita.

Segundo o vice-premiê, o governo acredita que o homem-bomba tenha entrado na Turquia pela fronteira com a Síria. Ele não constava, porém, da lista de suspeitos de ligação com extremistas.

A guerra civil que a Síria vive desde 2011 já fez 1,7 milhão de sírios se refugiarem na Turquia, conforme números da ONU. Além disso, o EI domina partes do território sírio.

"A Turquia não recuará em sua luta contra o Daesh em nenhum passo", disse Davutoglu, referindo-se ao EI pelo seu acrônimo árabe. "Essa organização terrorista, seus agressores e todas as suas conexões serão encontrados e receberão as punições que merecem."

A forte explosão, que pôde ser ouvida em vários bairros da cidade pouco depois das 10h locais (6h em Brasília), aconteceu em um parque que abriga um importante obelisco e a 25 metros da histórica Mesquita Azul. A polícia isolou a área para evitar que uma eventual segunda explosão fizesse mais vítimas.

Segundo a Dogan, dentre os feridos há ao menos oito estrangeiros, sendo seis alemães, um norueguês e um peruano. A Chancelaria da Coreia do Sul disse a jornalistas por mensagem de texto que um cidadão do país teve um ferimento no dedo.

Em uma coletiva em Berlim, a chanceler alemã, Angela Merkel, condenou o ataque e confirmou a morte de oito cidadãos do país.

"Hoje Istambul foi atacada. Paris, Tunísia e Ancara foram atacados antes", afirmou. "O terrorismo internacional mais uma vez mostra sua face cruel e desumana hoje."

Após a explosão, a Alemanha e a Dinamarca orientaram seus cidadãos a evitar multidões e atrações turísticas, dizendo que mais confrontos violentos e "ataques terroristas" podem acontecer na Turquia.

Em nota, o Itamaraty afirmou que, até o momento, não há registro de vítimas brasileiras. O ministério também transmitiu suas condolências aos familiares das vítimas e afirmou que o governo brasileiro reitera "seu mais firme repúdio a toda e qualquer forma de terrorismo".

O Consulado-Geral do Brasil em Istambul orientou cidadãos brasileiros a "evitar a região de Sultanahmet" e disponibilizou um telefone de contato para casos de emergência. O número é +90 554 834 5952.

Atentado em Istambul

Após a explosão, a União Europeia (UE) disse apoiar a Turquia no combate a "todas as formas de terrorismo".

A chanceler da UE, Federica Mogherini, disse nesta terça-feira que tanto o bloco quanto a Turquia "devem aumentar seus esforços para conter a violência extremista" e ressaltou que esse foi um tema prioritário da cúpula entre a UE e a Turquia, realizada em novembro, em Bruxelas.

Erdem Koroglu, que trabalhava na região no momento da explosão, disse ao canal NTV ter visto várias pessoas caídas no chão. "Era difícil dizer quem estava vivo ou morto", disse Koroglu. "Prédios balançaram com a força da explosão."

HISTÓRICO DE ATAQUES

A Turquia, aliada do Ocidente no Oriente Médio, foi alvo de dois grandes atentados no ano passado.

Um atentado do EI em Suruç, perto da fronteira com a Síria, em julho, deixou ao menos 30 mortos.

Em outubro, duas grandes explosões mataram quase cem pessoas durante uma manifestação no centro da capital, Ancara, no maior atentado da história do país.

Em 2015, também cresceu a tensão entre as forças do governo turco e milícias separatistas curdas.


Endereço da página:

Links no texto: