Folha de S. Paulo


Imagens de satélite mostram que Pyongyang preparava teste desde abril

Imagens de satélite e informações do governo da Coreia do Sul divulgadas nos últimos meses mostravam que a Coreia do Norte se preparava pelo menos desde abril para o teste nuclear desta quarta-feira (6).

Desde junho, a Escola de Estudos Internacionais da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, divulga fotos de uma grande construção sendo feita na base norte-coreana de Punggye-ri, onde ocorreu a última explosão.

Os primeiros registros dos trabalhos foram feitos em abril, com a escavação de um primeiro túnel. Em 25 de outubro, já eram quatro grandes túneis, em padrão similar ao usado em testes de bombas nucleares no passado.

Em 3 de dezembro, quando foram divulgadas as imagens pelo site 38 North (38 Norte, em referência ao paralelo que divide as Coreias), os especialistas afirmaram não haver sinais de que haveria um teste nas semanas seguintes.

A atividade de construção também havia sido detectada pelos serviços de inteligência sul-coreanos. Em 30 de outubro, a agência de notícias pública Yonhap disse que Pyongyang estava construindo um novo túnel na região.

Apesar de ter detectado a construção, o Serviço Nacional de Inteligência não previa o teste, segundo o deputado Lee Cheol-woo. Ele disse que a informação foi passada em uma reunião extraordinária de uma comissão do Parlamento.

Segundo Lee, os agentes de inteligência relataram que o teste nuclear de Pyongyang foi uma surpresa também para os serviços de espionagem de outros países. Os sul-coreanos verificam que tipo de explosivo foi usado.

Nos exercícios de 2006, 2009 e 2013, a China e os Estados Unidos foram comunicados sobre os testes um dia antes de eles acontecerem. Os serviços de inteligência não informaram o motivo pelo qual isso não foi feito desta vez.

TESTE NUCLEAR

O teste ocorreu por volta das 11h locais (23h30 de terça em Brasília). Segundo a televisão estatal norte-coreana, foi detonada uma bomba de hidrogênio —com potencial destrutivo maior que uma bomba atômica tradicional.

Bomba H

A explosão provocou um terremoto de magnitude 5,1, segundo o Serviço Geológico dos EUA. Imagens do canal estatal mostravam o ditador Kim Jong-un assinando a ordem para o teste nuclear.

O exercício foi duramente condenado pela comunidade internacional, em especial a vizinha Coreia do Sul e os Estados Unidos. Os dois países são colocados constantemente como possíveis alvos de ataques nucleares pelo regime norte-coreano.

No entanto, há dúvidas sobre a alegação norte-coreana de ter testado uma bomba de hidrogênio. Para especialistas em defesa, o explosivo testado hoje provavelmente seja uma bomba atômica comum.


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