Folha de S. Paulo


Polícia tenta barrar acesso de grupo da oposição à Assembleia venezuelana

Policiais da Venezuela tentaram barrar a entrada de um grupo de 20 deputados da oposição ao presidente Nicolás Maduro à sede da Assembleia Nacional, onde eles tomam posse nesta terça-feira (5).

Os parlamentares pertenciam ao Primeiro Justiça, principal partido da coalizão opositora Mesa de Unidade Democrática, e que é chefiado pelo ex-presidenciável Henrique Capriles. Depois da confusão, os deputados conseguiram entrar.

Segundo relatou à Folha o deputado Daniel Guzmán, os policiais bloquearam o acesso sob a justificativa de que eles não tinham pedido credenciamento. Um dos parlamentares tentou cortar a passagem, o que gerou tumulto.

Guzmán disse ter sido agredido pelas forças de segurança e mostrou à reportagem um sangramento em um dedo da mão e um botão arrancado de seu terno.

"Isso mostra o que vem pela frente. Não nos deixaram passar hoje e não medirão esforços para atrapalhar o nosso trabalho, mas estamos conscientes da nossa responsabilidade e do apoio popular que obtivemos", disse.

Do lado de fora da sede, milhares de aliados da oposição recebiam os deputados com gritos e aplausos. Parlamentares chavistas foram vaiados, entre eles Hugo Carvajal, que tem mandado de busca internacional por tráfico de drogas.

Esta será a primeira vez em 16 anos que a oposição terá o controle do Legislativo. Dos 167 deputados eleitos no pleito de 6 de dezembro, 112 são adversários de Nicolás Maduro, enquanto 55 são chavistas.

Isso daria a oposição a maioria qualificada, que permite, entre outras coisas, emendar a Constituição, destituir altos funcionários e aprovar a Constituinte. Na semana passada, porém, a Justiça impugnou três deputados opositores, o que tirou os dois terços das cadeiras.

TENSÃO

A cerimônia foi precedida pela tensão entre militantes chavistas e da oposição. Na tarde de segunda (4), aliados de Maduro impediram o acesso do opositor Henry Barros Allup ao prédio administrativo da Assembleia Nacional.

Barros Allup, que pede a renúncia do presidente, será o presidente da Assembleia Nacional, substituindo o chavista Diosdado Cabello. À noite, os aliados do governo fizeram uma vigília em frente ao prédio do Parlamento.

Pela manhã, foi possível ver pichações de defesa do chavismo e que chamavam Barros Allup de fascista. Pouco depois, milhares de policiais começaram a cercar as ruas próximas à Assembleia Nacional.


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