Folha de S. Paulo


Bélgica prende 10º acusado de atuar em atentados de Paris

Thierry Roge/AFP
Police officers are pictured as police conduct new searches linked to the November 13 Paris terrorist attacks, on December 30, 2015, in Molenbeek, Brussels. The Belgian authorities are still looking for suspects linked to the November 13 attacks on a Paris concert hall, restaurants, bars and the national stadium which left 130 people dead and hundreds more injured. / AFP / Belga / THIERRY ROGE / Belgium OUT
Polícia faz buscas nesta quarta (30) em Molenbeek, subúrbio de maioria islâmica em Bruxelas (Bélgica)

A Justiça da Bélgica indiciou nesta quinta-feira (31) o décimo suspeito de participação na série de atentados que deixou 130 mortos em Paris em 13 de novembro. Ele foi preso na noite de quarta (30) em um bairro de Bruxelas.

A detenção faz parte da pressão belga contra o terrorismo iniciada no mês passado. O temor de um novo ataque levou ao cancelamento da festa de Ano-Novo em Bruxelas e a medidas que esvaziaram as comemorações em outras cidades na Europa.

O suspeito, identificado como Ayoub Bazzarouj, 22, foi detido em uma casa no bairro de Molenbeek, na capital belga. Com ele, foram apreendidos dez celulares, que são examinados pela polícia.

Segundo a Procuradoria, o imóvel, na rua Delaunoy, é o mesmo onde se escondeu Salah Abdeslam, único dos dez autores dos atentados que as autoridades belgas e francesas consideram foragido.

Molenbeek é o bairro onde também morava o mentor da série de ataques, Abdelhamid Abaooud. Ex-soldado do Estado Islâmico na Síria, ele foi morto pela polícia francesa em operação na periferia de Paris em 18 de novembro.

Os demais autores se explodiram durante os ataques a dois restaurantes, a lojas perto do Stade de France e à casa de shows Bataclan.

Na rua onde Bazzarouj foi preso, outras seis pessoas foram detidas para averiguação nesta quinta (31). Elas são acusadas de envolvimento em um plano de ataque à festa de Ano-Novo de Bruxelas.

Os seis juntam-se a outros dois homens presos na última terça (29) sob a mesma acusação, que foram indiciados e tiveram sua prisão prorrogada nesta quinta.

O primeiro, o belga Said Soüati, 30, é acusado de ameaça de atentado, liderança das atividades de um grupo terrorista e recrutamento para o terrorismo. Já Mohammed Karay, 27, é acusado de ser coautor dos ataques.

Os oito presos fazem parte de um grupo de motociclistas de Molenbeek chamado "Kamikaze Riders" ("pilotos suicidas", em inglês), composto por descendentes de imigrantes de países do norte da África e do Oriente Médio. Segundo a Procuradoria, eles teriam relação com a organização "Sharia4Belgium".

O grupo terrorista é o mesmo que recrutou Brian de Mulder, filho da brasileira Ozana Rodrigues e que aderiu às fileiras do Estado Islâmico na Síria em 2013. Ele foi condenado à revelia em fevereiro de 2015 a cinco anos de prisão.

ANO-NOVO

A descoberta do plano fez com que a prefeitura de Bruxelas cancelasse as comemorações de Ano-Novo. Mesmo sem a festa pública, as autoridades locais enviaram milhares de agentes e até blindados às ruas para reforçar a segurança.

O temor de ataques prejudicou os festejos para a chegada de 2016 em toda a Europa. Na França, foram mobilizados 66 mil policiais, sendo 11 mil só em Paris. A queima de fogos na capital foi cancelada, e o acesso às áreas próximas à festa, na Champs-Élysées, foi restrito.

Os frequentadores também tiveram suas mochilas e bolsas revistadas na chegada ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, principal ponto de comemoração da capital alemã.

Medidas similares foram tomadas em Londres e Madri. Em Moscou, a praça Vermelha, onde ocorre a tradicional queima de fogos, foi interditada pelo governo.

Em 2015, a Rússia começou a bombardear a Síria e sofreu com a queda de um avião com 224 pessoas a bordo na península do Sinai, no Egito. Para Moscou, a aeronave foi derrubada pela filial egípcia do Estado Islâmico.

Nos EUA, a segurança foi reforçada na Times Square, em Nova York, onde 1 milhão de pessoas eram esperadas.


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