Folha de S. Paulo


Mortes violentas batem recorde na Venezuela, diz ONG

Com aumento de 12% no número de mortes violentas em 2015, a Venezuela pode fechar o ano com o título de país sem guerra mais violento do mundo, segundo relatório anual da ONG Observatório Venezuelano da Violência (OVV) divulgado nesta segunda-feira (28).

A conclusão definitiva da ONG depende da divulgação dos dados de Honduras e El Salvador, que lideravam o ranking até 2014.

Segundo o relatório da OVV, a Venezuela teve 27.875 mortes violentas em 2015 contra 24.980 no ano anterior. Com isso, a taxa de mortes violentas passa a ser de 90 para cada 100 mil habitantes, de acordo com a ONG, que contabiliza homicídios e mortes por resistência à força policial.

Em 1998, antes da chegada ao poder de Hugo Chávez (1999-2013), a taxa calculada pela OVV era de 19/100 mil.

"Uma em cada cinco pessoas assassinadas na América Latina e no Caribe é venezuelana", diz o relatório de 2015, elaborado por pesquisadores de sete universidades públicas e privadas.

A OVV contrasta o aumento generalizado da violência na Venezuela com as situações no Brasil, onde "a distribuição territorial da violência varia", e na Colômbia e no México, onde as mortes violentas diminuíram.

A OVV atribui a situação venezuelana a um misto de fatores que incluem a "deterioração das forças de segurança", o "empobrecimento da sociedade" e a "impunidade generalizada".

A ONG também criticou a "militarização repressiva da segurança", especialmente as chamadas Operações pela Libertação do Povo (OLP), orquestradas pelo presidente Nicolás Maduro sob pretexto de desmantelar facções de crime organizado. As OLP deixaram dezenas de mortos em bairros pobres em meio a suspeitas de execuções extrajudiciais.

O governo não havia se pronunciado até a publicação desta reportagem. Em julho, autoridades disseram que a taxa de mortes violentas era de 62/100 mil, cifra suficiente para colocar a Venezuela entre os países mais violentos do mundo.

O governo costuma acusar ONGs como a OVV de manipular a verdade. O chavismo também afirma que a violência é orquestrada por opositores e supostos paramilitares colombianos para jogar a população contra o governo.


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