Folha de S. Paulo


Na Espanha, Podemos troca inspiração bolivariana por escandinava

Rabo de cavalo, barba rala, roupa informal. O visual que tornou conhecido o cientista político, professor e apresentador de TV Pablo Iglesias, 37, cofundador do Podemos, é o mesmo que faz muitos se perguntarem se ele tem "pinta de presidente".

Nos quase dois anos desde a fundação da sigla, Iglesias se elegeu eurodeputado, chegou ao primeiro lugar nas pesquisas para primeiro-ministro e caiu para o quarto lugar.

Nas duas semanas de campanha, foi considerado vencedor de debates.
Impulsionada pelos militantes nas redes sociais, sua candidatura voltou a crescer, e ele disputa com o PSOE a liderança do eleitorado de esquerda.

Sergio Perez/Reuters
party leader Pablo Iglesias poses before watching a film on the eve of Spain's general election in Madrid, Spain, December 19, 2015. The words on the wall reads in Spanish,
Pablo Iglesias, cofundador do Podemos, em Madri

No domingo passado (13), em comício com cerca de 10 mil pessoas em Madri, Iglesias disse acreditar na virada e repetiu sua definição para o governo de Mariano Rajoy: "Desigualdade e corrupção".

"Podemos é a sigla que dá o salto da indignação à mudança política, que canaliza o descontentamento com a classe política e a corrupção", diz o cientista político Ángel Valencia, da Universidade de Málaga.

Iglesias, que ganhou fama com o programa de TV "La Tuerka", veiculado também pela internet, adotou o léxico do movimento e refere-se à elite política como "casta".

PROJEÇÃO DE ASSENTOS

Solteiro, vive num apartamento herdado de uma tia-avó no bairro operário de Vallecas, em Madri.

Iglesias não defende mais o calote da dívida pública espanhola. Aliado do Syriza, sofreu por tabela o desgaste quando fracassou o caminho alternativo à austeridade fiscal proposto pela esquerda na Grécia.

Na trajetória rumo à moderação, Iglesias substituiu os países bolivarianos pelos escandinavos como referência.

Seu programa prioriza a defesa do estado de bem-estar social e a proteção às pessoas mais atingidas pela crise.


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