Folha de S. Paulo


Macri vai retirar recurso de Cristina e encerrar acordo comercial com o Irã

O novo governo argentino anunciou nesta sexta-feira (11) que retirará, na segunda-feira, a apelação feita pelo governo de Cristina Kirchner contra o pedido de inconstitucionalidade do acordo comercial do país com o Irã.

Com a decisão, o tratado econômico com o país persa deixará de existir.

Fontes do Ministério da Justiça argentino confirmaram ao jornal "Clarín" que o ministro German Garavano apresentará na segunda-feira a carta.

Nela, o governo retirará a apelação contra a decisão do Tribunal Federal de Buenos Aires que havia declarado inconstitucional o acordo.

Enrique Marcarian - 18.jul.94/Reuters
ORG XMIT: 114001_1.tif Equipe de resgate trabalha sobre escombros do prédio da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), em Buenos Aires, destruído por atentado, em 1994. Rescue workers search for survivors and victims in the rubble left after a powerful car bomb destroyed the Buenos Aires headquarters of the Argentine Israeli Mutual Association (AMIA), killing 85 people, in this July 18, 1994 file photo. Police questioned and then released Iranian diplomat Saied Baghban in Brussels, Belgium, August 27, 2003, facing extradition to Argentina for the 1994 Jewish center bombing, but who has diplomatic immunity, 6 days after Iran's former ambassador to Argentina Hadi Soleimanpour was arrested in Durham, England, on an international warrant issued by Argentine Judge Juan Jose Galeano, provoking outcry from Iran's authorities. REUTERS/Enrique Marcarian/Files
Equipes trabalham nos escombros do prédio da Amia, destruído no atentado de 1994

A presidente Cristina Kirchner havia insistido obsessivamente no tratado com o Irã, a ponto de retirar dois juízes da Câmara Nacional de Cassação Penal –Luis Cabral e Juan Carlos Gemignani– que defendiam a inconstitucionalidade da aliança.

A inconstitucionalidade do pacto com o Irã é passo fundamental para reabrir denúncia do ex-promotor Alberto Nisman contra Cristina Kirchner e o ex-ministro das Relações Exteriores Héctor Timerman.

O ex-promotor, que morreu em janeiro deste ano, em circunstâncias ainda não esclarecidas, havia denunciado a ex-presidente por supostamente prejudicar, em troca do acordo comercial, investigações sobre a participação do Irã no atentado a uma organização judia em Buenos Aires.

Em 1994, a sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) na capital argentina foi alvo de um atentado que deixou 85 mortos.

Investigações preliminares indicaram a participação de cinco agentes iranianos no ataque.

O pacto do governo de Cristina feito com o Irã previa a criação de uma "comissão da verdade" que agiria como intermediário entre a Justiça argentina e os cinco iranianos, que seriam apenas interrogados, e não "indagados", como prevê o Código Penal.

A retirada da apelação do governo foi uma promessa de campanha do presidente Mauricio Macri, eleito no dia 22 de novembro.


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