Folha de S. Paulo


Em meio a conversas com Seul, Coreia do Norte diz ter bomba de hidrogênio

Representantes de alto nível das duas Coreias se reuniram nesta sexta-feira (11) para tentar reduzir a recorrente tensão militar na região. Na véspera, divulgou-se uma declaração do ditador norte-coreano, Kim Jong-un, em que afirma que o país desenvolveu uma bomba de hidrogênio. A alegação foi vista com ceticismo por observadores estrangeiros.

O vice-ministro sul-coreano da Unificação, Hwang Boogi, encontrou o vice-diretor do Comitê norte-coreano pela Reunificação Pacífica, Jon Jong Su, na zona industrial de Kaesong, gerida pelos dois países, localizada a alguns quilômetros ao norte da fronteira.

Reuters
South Korean Vice Unification Minister Hwang Boogi (L) shakes hands with his North Korean counterpart Jon Jong Su during their meeting at the Kaesong Industrial Complex in Kaesong, North Korea, December 11, 2015. REUTERS/Korea Pool/Yonhap ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS IMAGE. EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS. NO RESALES. NO ARCHIVE. THIS PICTURE IS DISTRIBUTED EXACTLY AS RECEIVED BY REUTERS, AS A SERVICE TO CLIENTS. SOUTH KOREA OUT. NO COMMERCIAL OR EDITORIAL SALES IN SOUTH KOREA. ORG XMIT: SEO301
Hwang Boogi (à esquerda) cumprimenta Jon Jong-su durante encontro em Kaesong

"Desta vez, o resultado pode ter um impacto significativo no caminho que toda a relação intercoreana seguirá no próximo ano", disse à agência de notícias AFP Cheong Seong-chang, analista do Instituto Sejong, de Seul.

Mapa das Coreias

A reunião é a primeira iniciativa de negociação de alto nível desde que os dois países acordaram um cessar-fogo, em agosto, após um episódio de troca de fogo provocado pela irritação de Pyongyang com alto-falantes reativados na fronteira emitindo propaganda anticomunista.

As hostilidades entre os dois países ocorrem desde a Guerra da Coreia, que terminou em 1953 com um armistício, não um tratado de paz. Tecnicamente, a península da Coreia vive até hoje em estado de guerra.

BOMBA H

A KCNA, agência de notícias estatal norte-coreana, reproduziu nesta quinta-feira (10) uma declaração de Kim Jong-un sobre o desenvolvimento da bomba de hidrogênio, mais poderosa que a bomba atômica tradicional.

11.fev.2015/Reuters
North Korean leader Kim Jong Un (C) provides field guidance to the construction sites of baby Home, orphanage and orphans' primary and secondary schools in Wonsan City, in this undated photo released by North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) on February 11, 2015. REUTERS/KCNA (NORTH KOREA - Tags: POLITICS) ATTENTION EDITORS - THIS PICTURE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. REUTERS IS UNABLE TO INDEPENDENTLY VERIFY THE AUTHENTICITY, CONTENT, LOCATION OR DATE OF THIS IMAGE. FOR EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING CAMPAIGNS. THIS PICTURE IS DISTRIBUTED EXACTLY AS RECEIVED BY REUTERS, AS A SERVICE TO CLIENTS. NO THIRD PARTY SALES. NOT FOR USE BY REUTERS THIRD PARTY DISTRIBUTORS. SOUTH KOREA OUT. NO COMMERCIAL OR EDITORIAL SALES IN SOUTH KOREA ORG XMIT: SIN101
Kim Jong-un, em foto de arquivo

"A Coreia do Norte [é] um poderoso Estado com armas nucleares, e está pronto para detonar a bomba A (atômica) e a bomba H (de hidrogênio) para defender de forma confiável a soberania e a dignidade da nação", disse Kim há alguns dias durante visita de inspeção a instalações militares, segundo a KCNA.

A bomba de hidrogênio, também conhecida como bomba termonuclear, utiliza tecnologia muito avançada para produzir uma explosão significativamente mais poderosa do que uma bomba atômica.

Uma autoridade do órgão de inteligência da Coreia do Sul disse à agência de notícias sul-coreana Yonhap que não há nenhuma evidência de que o regime norte-coreano tenha capacidade de produzir a bomba de hidrogênio. Segundo esse funcionário, a declaração de Kim é apenas retórica.

Por sua vez, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse que os EUA "questionam seriamente" as afirmações do líder norte-coreano, com base nas informações de que o país dispõe.

A Coreia do Norte realizou três testes atômicos ao longo da última década, e anunciou recentemente a reativação de suas instalações nucleares. O país mantém sob segredo seu programa nuclear, sob o pretexto de exercer seu direito soberano à defesa, e por isso é alvo de sanções internacionais.


Endereço da página:

Links no texto: