Uma proposta feita pela França na COP21 (Conferência do Clima), nesta quarta (9), deu alguns pequenos passos para diminuir divergências entre países ricos e pobres.
O texto propõe uma análise já em 2018, ainda que branda, das metas de redução de poluentes de cada país. Essa provisão, porém, ainda pode cair até o final da cúpula.
O documento, espécie de "esqueleto" do possível acordo, foi patrocinado pelo presidente da COP21, o chanceler francês Laurent Fabius, após dois dias de consultas e negociações entre as delegações de 195 países.
Alain Jocard - 30.nov.2015/AFP | ||
No estande dos EUA na COP21, a Conferência do Clima, globo expõe impacto de emissão de poluentes |
A proposta precisa passar pelo crivo dos ministros presentes, e qualquer impasse pode levar a atrasos em sua adoção pelo plenário da COP, oficialmente marcada para sexta-feira (11) à noite.
Anfitrião da conferência, o governo francês tem pressa em chegar a um consenso dentro do prazo oficial.
"Nós recebemos bem esse esforço da presidência para acelerar o processo para que tenhamos o acordo em Paris", disse o embaixador brasileiro José Antonio Marcondes, negociador brasileiro.
A grande questão é quão fortalecido será o documento para realmente cumprir a meta de limitar o aquecimento global a 2ºC.
Pela sugestão francesa, fica mais evidente que caberá aos países desenvolvidos a tarefa de bancar financeiramente os mais pobres a partir de 2020 com ao menos US$ 100 bilhões por ano.
A colaboração dos emergentes seria "voluntária", diz o trecho sugerido, buscando solucionar um dos principais impasses dos bastidores.
Para se comprometer com mais dinheiro, os ricos, sob liderança dos EUA, querem a sinalização de que países em desenvolvimento também poderão estar entre os doadores.
"Temos de buscar um acordo ambicioso, que facilite as coisas, que diferencie o papel de cada um, mas que também reconheça a capacidade de todos", afirmou o secretário de Estado americano, John Kerry.
Ele anunciou na COP21 um aumento de US$ 400 milhões para US$ 800 milhões por ano, até 2020, para a adaptação dos países pobres aos prejuízos climáticos.
Ele disse que não é hora de "apontar o dedo" para culpados e que o impacto ambiental se reflete não só em regiões mais pobres, mas em "todos os lugares" do planeta.
REVISÃO
A proposta francesa diz ainda que os países se encontrariam entre 2018 e 2019 para debater os progressos obtidos em relação às suas ambições, as chamadas INDCs.
Nada garante, porém, que o item não se perca na nova rodada de negociações que começou na noite desta quarta.
Um balanço para revê-las de fato ocorreria, no entanto, só entre 2023 e 2024 –e, a partir de então, a cada cinco anos. Não haveria, porém, nenhuma obrigação de cada parte em fortalecer seus compromissos, mesmo que estejam atrasados.
A revisão de metas a cada cinco anos é defendida por países como o Brasil e os EUA, mas encontra resistência, por exemplo, nos governos chinês e indiano, justamente por causa de eventual exigência para que sejam melhoradas.
Negociadores relatam que as resistências de diversas partes a alguns pontos do documento podem arrastar sua votação para o fim de semana.
O objetivo dos franceses é evitar que a COP21 se transforme no fracasso da conferência de Copenhague, de 2009, quando os líderes não chegaram a um consenso.