Folha de S. Paulo


Em discurso, Maduro aceita derrota governista em eleições parlamentares

Venezuelanos comemoram nas ruas vitória da oposição

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse na madrugada de domingo (6) para segunda, que aceita os resultados das eleições parlamentares —adversos para o governo— com a "moral e a ética do chavismo", destacando que "triunfou a Constituição e a democracia".

"Nós, vendo estes resultados, viemos com nossa moral, com nossa ética, a reconhecer os resultados adversos, a aceitá-los e a dizer à nossa Venezuela que triunfou a Constituição e a democracia. Aceitamos os resultados exatamente como foram emanados pelo poder eleitoral", disse Maduro.

O presidente fez as declarações acompanhado dos candidatos chavistas poucos segundos depois que a presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, anunciou os resultados preliminares das legislativas nas quais a oposição saiu vencedora com 99 deputados, contra 46 do Governo.

"Triunfou a guerra econômica, triunfou uma estratégia para vulnerabilizar a confiança coletiva em um projeto de país. Triunfou, circunstancialmente, o estado das necessidades criado por uma política de capitalismo selvagem, de esconder os produtos, de encarecê-los. É uma guerra sem comparação, sem igual", disse Maduro, que parabenizou os eleitores que votaram em candidatos chavistas.

No julgamento do presidente venezuelano, essa guerra econômica, que "recrudesceu" na semana anterior às eleições, inibiu uma grande porcentagem de eleitores pró-governistas "e mudou as correntes históricas de direção".

No entanto, Maduro apelou ao governo para impulsionar a economia e substituir "o sistema de renda petrolífera por um sistema econômico produtivo e autossustentável".

Maduro disse que o chavismo sempre manteve a vontade de reconhecer os resultados eleitorais e que sempre soube que nadava "contra a corrente".

Editoria de Arte/Folhapress

Além disso, cumprimentou os venezuelanos que votaram na oposição.

"Vocês, queridos compatriotas, os chamo para a convivência, os chamo para o trabalho", afirmou. "Chegou o momento de entrar em acordo e parar a guerra econômica contra o país, de respeitar as leis da economia."

Maduro afirmou que, apesar do resultado adverso, o governo que preside fará todo seu esforço para que se mantenham os programas sociais "e todo o trabalho de proteção do povo".

Nesse sentido, pediu à oposição agrupada na Mesa da Unidade Democrática (MUD) que "administre muito bem esse triunfo que obtiveram" e que, "tomara, possam entrar em sintonia com a necessidade de milhões".

O presidente venezuelano pediu ao povo chavista para reconhecer "em paz" estes resultados e a repensar "muitos aspectos da política da revolução", para aperfeiçoá-los e torná-los "mais revolucionários, para torná-los mais efetivos", porque depois da derrota, deve vir "uma nova etapa da revolução".


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