O presidente eleito da Argentina, Mauricio Macri, convidou um rival para ocupar a embaixada argentina nos EUA. O deputado e candidato derrotado para o governo da cidade de Buenos Aires, Martín Lousteau, aceitou a indicação nesta quarta (2).
Os dois conversaram na terça (1º), em um restaurante de Buenos Aires, o que alimentou especulações sobre uma possível indicação de Lousteau para o governo de Macri. A nomeação só foi confirmada nesta quarta (2), após a entrevista coletiva dada pelo presidente eleito para apresentar seu gabinete.
Jovem político —completa 45 anos no próximo dia 8—, Lousteau perdeu a eleição em julho, no segundo turno, para o candidato de Macri para a capital, Horácio Rodríguez Larreta.
| Reuters | ||
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| Macri (centro) conversa com sua futura chanceler, Susana Malcorra, e Martín Lousteau |
Na ocasião, ele concorreu como representante de uma aliança integrada por socialistas, União Cívica Radical e Coalizão Cívica. Os partidos apoiaram a candidatura de Macri à Presidência, com exceção dos socialistas, que levaram o nome de Margarita Stolbizer.
No primeiro turno da eleição presidencial, Lousteau declarou voto por Stolbizer, o que provocou mal-estar na coligação de Macri. No segundo turno, porém, Lousteau disse que optaria por Macri, mas reforçou suas críticas ao candidato.
"Marquei críticas importantes em relação ao PRO [partido de Macri] e as mantenho. Vou votar em Macri mas sem muito entusiasmo", afirmou.
Lousteau foi ministro da Produção e também ocupou a pasta da Economia de Cristina Kirchner entre 2007 e 2008. Após sua saída do governo, ele rompeu com o kirchnerismo e elegeu-se deputado pela extinta Frente Unen, que reunia a União Cívica Radical, Coalizão Cívica, trabalhistas e socialistas.
Ele terá um papel-chave na política externa do novo presidente, que precisa superar o atual impasse com os chamados "fundos abutres" (credores estrangeiros que venceram disputa em Nova York por parte da dívida externa da Argentina).
O país depende desta negociação para voltar a tomar empréstimos no mercado internacional.
GABINETE
Macri apresentou seu gabinete em um cenário inusitado, no Jardim Botânico de Buenos Aires.
Estavam presentes 25 futuros ministros, que assumirão os cargos em 10 de dezembro, quando Macri toma posse.
Faltou apenas José Barañao, ministro de Ciência e Tecnologia da atual presidente Cristina Kirchner, e que será mantido no cargo, segundo já adiantou Macri.
Na foto oficial, estava a poderosa força-tarefa de seis ministros montada por Macri para a área econômica: Alfonso Prat-Gay (Fazenda), Guillermo Dietrich (Infraestrutura e Transportes), Juan José Aranguren (Energia), Ricardo Buryaile (Agricultura) e Francisco Cabrera (Produção).
Ao seu lado, posaram seu braço-direito, o futuro chefe de gabinete Marcos Peña, e a futura chanceler Susana Malcorra.
Macri nomeou dois executivos, Gustavo Lopetegui (ex-presidente da LAN Argentina) e Mario Quintana (ex-presidente da rede Farmacity e do fundo Pegasus, dono da sorveteria Freddo), para atuarem em sua chefia de gabinete, ministério que comanda as demais pastas de governo.
Em seu discurso de apresentação, Macri disse pediu aos novos ministros que trabalhem em equipe, "porque ninguém faz nada sozinho" e que informem a sociedade permanentemente sobre suas atividades.