Folha de S. Paulo


Operação antiterror neutralizou célula pronta para atacar, diz França

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Uma megaoperação antiterrorismo realizada nesta quarta-feira (18) neutralizou uma célula terrorista que "planejava novos ataques" e estava pronta para agir, afirmou o procurador de Paris, François Molins.

A operação contra um apartamento em Saint-Denis, subúrbio ao norte de Paris, acabou após um cerco de sete horas e com um total de ao menos dois mortos, incluindo um homem atingido por disparos e granadas, e com a prisão de oito suspeitos. Entre eles estão duas pessoas encontradas sob destroços e o dono do apartamento que era usado como esconderijo.

Jacky Naegelen/Reuters
Policiais são vistos durante ação na região de Saint-Denis, no norte de Paris
Policiais são vistos durante ação na região de Saint-Denis, no norte de Paris

Informações preliminares indicam que, entre os mortos, há uma mulher que teria se explodido ao acionar um colete com explosivos durante a operação. Molins, porém, não confirmou esse dado durante a coletiva concedida à tarde.

"Esse ponto precisa ser verificado pela análise do corpo e dos restos mortais, assim como por todas as operações policiais forenses que ainda têm de ser conduzidas."

Ele também acrescentou que a polícia ainda verifica o número total de mortos na operação, em que foram feitos 5.000 disparos.

Antes da coletiva, Molins havia informado que a operação foi lançada após a interceptação de ligações telefônicas, ações de vigilância e de testemunhos indicarem que o suspeito de ser mentor dos ataques, Abdelhamid Abaaoud, poderia estar em um esconderijo na área, e não na Síria, como se acreditava inicialmente.

Na tarde desta quarta, Molins afirmou que Abaaoud, um belga de ascendência marroquina de 27 anos, nem o foragido Salah Abdeslam, um francês nascido na Bélgica, estão entre os presos.

Molins, porém, não descartou a possibilidade de que eles tenham sido mortos, afirmando que os corpos ainda estão sendo analisados.

Vários policiais ficaram feridos, e uma cadela chamada Diesel, de 7 anos, "foi morta por terroristas", disse a polícia nacional em um tuíte.

ATAQUES DE SEXTA

A megaoperação esteve relacionada com os ataques terroristas lançados por ao menos sete homens-bomba na sexta-feira (13) contra a casa de shows Bataclan, o Stade de France, restaurantes e bares.

Mapa dos locais do atentados em Paris

O local onde foi realizada a operação policial desta quarta fica a menos de dois quilômetros do Stade de France, perto de onde três homens-bomba se explodiram na sexta.

Os ataques deixaram 129 mortos. O número de feridos foi revisto nesta quarta de 352 para 368. Destes, 195 continuam internados, 41 em UTIs e três em estado grave, disse a ministra da Saúde, Marisol Touraine, ao Parlamento.

Autoridades francesas disseram previamente que ao menos oito pessoas tiveram envolvimento direto com o massacre : os sete homens-bomba e Abdeslam, que conseguiu fugir pela Bélgica. Mas há informações de que há ao menos um segundo foragido, elevando o número de envolvidos para nove. Mas nem Molins ou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, confirmaram essa informação.

A facção radical Estado Islâmico reivindicou a autoria dos ataques, que deixaram a França em luto e sob tensão.

As autoridades francesas declararam estado de emergência depois dos ataques, e as forças de segurança realizaram 414 operações, fazendo 60 prisões e apreendendo 75 armas, disse o Ministério do Interior.

O Parlamento deve votar até o fim desta semana para estender o estado de emergência por três meses.


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