Folha de S. Paulo


Perfil oficial do Estado argentino critica opositor nas redes sociais

O perfil oficial do Estado argentino nas redes sociais está sendo utilizado a serviço da política eleitoral. No próximo domingo (22), haverá o segundo turno da disputa presidencial no país.

A Casa Rosada no Twitter e no Facebook postou o seguinte comentário nesta segunda (16): "Preço do dólar oficial: $ 9,60. O dólar a $ 15 como antecipa Macri produziria una desvalorização de 67%".

Junto com o texto, um vídeo com parte do debate eleitoral entre o candidato governista, Daniel Scioli, e o opositor Mauricio Macri.

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Uma das principais críticas dos aliados da presidente Cristina Kirchner contra o opositor nesta eleição é que, se Macri vencer, fará um grande ajuste na economia, o que provocará a desvalorização do peso argentino (alta da cotação do dólar).

O trecho escolhido pelos administradores da conta da casa de governo para ilustrar o comentário não é dos melhores para a presidente e Scioli.

Nele, Macri afirma que o adversário não responde a perguntas e emenda: "Sabe qual foi o governo que mais desvalorizou no mundo? O de Cristina Fernández de Kirchner. Passou o dólar de 3 pesos para 15".

Macri cita o valor da cotação do dólar paralelo, uma das cinco taxas de câmbio que tem a Argentina neste momento. O opositor propõe unificar as taxas.

A cotação oficial, de 9,60 pesos como informa o comentário da Casa Rosada, é controlada pelo governo; empresas e pessoas físicas têm limites mensais de compra, que são autorizados pelo governo.

O comentário tinha mais de 1.800 curtidas e 1.096 compartilhamentos na noite desta terça (17), o que provocou o protesto de internautas.

"Sejam um pouco mais sérios e não usem essa conta para esse tipo de coisas. Publiquem informação que sirva para as pessoas no seu dia a dia", comentou Diego Gimenez.

Não foi o único comentário anti-Macri difundido nos últimos dias pelo aparato digital mantido pelos cofres do Estado argentino.

Em uma ilustração, postada nesta segunda, há uma comparação entre os programas sociais voltados a estudantes da rede pública da capital Buenos Aires, administrada por Macri, e os do governo federal, comandado por Cristina.

No post da Casa Rosada, diz-se que o governo da cidade pagou três vezes mais por computador entregue a cada aluno e que a licitação foi feita em dólares.

Durante a transmissão do debate presidencial, na noite de domingo (15), o perfil da Casa Rosada no Twitter não parou. Havia retuítes com ataques de ministros contra Macri e comentários com críticas aos comentários do opositor.

"Macri se opôs à recuperação da YPF, da Aerolineas Argentinas e dos fundos dos trabalhadores #ganhaScioli #scioliédesenvolvimento", era um dos comentários do presidente da previdência pública, Diego Bossio, retuítados pelo perfil oficial do governo.

A própria presidente, em seu perfil, também já havia se engajado na campanha do seu aliado no fim de semana, publicando no Facebook fotos de uma marcha pró-Scioli em diferentes cidades argentinas.

"A única realidade é que a mudança que propõe Macri é um ajuste no bolso das pessoas", tuitou o ministro Aníbal Fernández, chefe do gabinete presidencial, em comentário que foi replicado pelo perfil da Casa Rosada no Twitter.

O perfil da casa de governo no Facebook tem quase 177 mil seguidores.

Procurada, a subsecretaria de assuntos de comunicação e conteúdos de difusão da Casa Rosada não comentou as publicações de campanha eleitoral.


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