Folha de S. Paulo


Scioli cai na estrada para tentar reverter desvantagem eleitoral

O candidato governista à Presidência da Argentina, Daniel Scioli, caiu na estrada nestes últimos dias de campanha eleitoral antes do segundo turno, no próximo domingo (22).

Em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, Scioli tenta capturar votos no interior e em regiões de tradição peronista (corrente política da qual faz parte).

Na segunda, percorreu o norte do país. Nesta terça (17) viajou para três províncias: Córdoba, Mendoza e San Juan. Tentando administrar a vantagem, Macri se limitou a dar entrevistas a veículos locais.

Juan Vargas - 6.nov.2015/AFP
Cristina Kirchner e seu candidato Daniel Scioli em inauguração de polo tecnológico, no início do mês
Cristina Kirchner e seu candidato Daniel Scioli em inauguração de polo tecnológico, no início do mês

Na terça, antes da viagem ao interior, Scioli reuniu cientistas e reitores de universidades públicas em ato em Buenos Aires em favor de sua candidatura.

Uma professora do ensino básico da capital, governada pelo opositor Mauricio Macri, foi convidada a discursar e tratou de falar mal do rival de Scioli.

"Macri cortou o orçamento para a educação e nós estamos sem receber material", afirmou. "Tentaram demolir nossa escola para passar o Metrobus [corredor exclusivo para ônibus], mas nós, junto com a comunidade, conseguimos impedir."

O físico Juan Pablo Paz, vencedor do prêmio cientista nacional deste ano, também discursou e afirmou que "não dá no mesmo" votar em Macri ou em Scioli.

"Hoje há desemprego zero entre os profissionais da física, da química. Quero viver neste país e quero que este seja o país dos meus filhos", afirmou.

Feitos como o lançamento de dois satélites e a promessa de construir duas usinas nucleares (em acordo assinado com a China há poucos dias) fazem com que a comunidade científica penda a favor do governo nesta eleição.

SEM CRISTINA

Mas é fora da comunidade científica que Scioli precisa conquistar votos, dos mais de 60% dos eleitores que não votaram no governista no primeiro turno eleitoral. Na primeira etapa, Scioli marcou 37%, ante 34% de Macri.

Seus aliados afirmam que, para tanto, o candidato governistai deverá aparecer sozinho, longe da presidente Cristina Kirchner, nesta reta final.

Seu fechamento de campanha deverá ter eventos nas cidades de La Matanza e Mar del Plata, ambas na província de Buenos Aires, onde governa, mas obteve menos votos do que o esperado.

Um político peronista ligado a Scioli afirmou que Cristina não quer "tapar" a candidatura de Scioli neste momento e que seria positivo que ficasse no banco de reservas nestes dias.

Há rumores, ainda não confirmados pela Casa Rosada, de que a presidente pode fazer um pronunciamento público na próxima sexta (20).

Candidato, Scioli já não poderia participar, uma vez que não pode aparecer em comícios a partir das 8h da manhã de sexta, de acordo com a legislação eleitoral argentina.


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