Folha de S. Paulo


Hollande planeja estender estado de emergência por 3 meses após ataques

O presidente da França, François Hollande, anunciou que apresentará ao Parlamento na quarta-feira (18) uma proposta para estender por três meses o estado de emergência, em vigor no país desde os ataques em Paris.

"A França está em guerra. Mas não estamos em uma guerra entre civilizações, porque esses assassinos [responsáveis pelos ataques em Paris] não representam nenhuma. Estamos em guerra contra o terrorismo jihadista, que ameaça o mundo inteiro", disse Hollande nesta segunda-feira (16) em discurso a parlamentares reunidos no Palácio de Versalhes.

Hollande afirmou que buscará emendar a Constituição para melhorar a forma como o governo lida com situações de crise. O mandatário quer que a Legislação do país permita que o governo retire a cidadania francesa de pessoas com dupla nacionalidade que apresentem "riscos de terrorismo".

Dentre os terroristas responsáveis pelos ataques em Paris, está foragido Salah Abdeslam, 26, cidadão franco-belga. Ele alugou o Volkswagen Polo preto que levou terroristas à casa de shows Bataclan, onde foram mortas 89 pessoas.

Hollande também pediu o aumento do orçamento destinado às forças de segurança e ao Exército francês. O presidente disse que a França irá "intensificar suas operações na Síria", após os 20 ataques aéreos contra a milícia radical Estado Islâmico (EI) realizados domingo à noite. "Não haverá hesitação e nenhuma trégua."

"Eu considero que, nessas circunstâncias, o pacto de segurança prevalece sobre o pacto de estabilidade", disse o presidente, referindo-se aos limites orçamentários estabelecidos para os países da zona do euro.

Hollande também anunciou que irá pedir ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas uma resolução destacando "a vontade comum de lutar contra o terrorismo."

O líder francês disse que deve encontrar nos próximos dias os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e Rússia, Vladimir Putin, para "unir forças" e propor a formação de uma grande coalizão internacional para combater o EI.

Atualmente, EUA e Rússia realizam bombardeios contra o EI na Síria de forma independente. Desacordos entre as duas principais potências militares com relação ao lugar do ditador Bashar al-Assad no futuro Síria representam o principal entrave nas negociações internacionais para pôr fim à guerra civil no país árabe. O conflito abriu espaço para que o EI aumentasse sua influência na região.

Síria e seus inimigos

Na noite de sexta-feira (13), extremistas supostamente ligados à milícia radical EI atacaram diversos pontos da capital francesa, deixando quase 130 mortos e centenas de feridos.

Após os atentados, Hollande anunciou o fechamento das fronteiras do país e estabeleceu o estado de emergência.

Esta é a primeira vez que as autoridades francesas decretam estado de emergência em todo o país desde a Guerra da Argélia (1954-1962). Com a medida, o governo tem poder de controlar o tráfego e fechar espaços públicos.


Endereço da página:

Links no texto: