Folha de S. Paulo


Brasil está longe do terror, diz Dilma durante o G20 na Turquia

A presidente Dilma Rousseff não está preocupada com a possibilidade de um ataque terrorista no Brasil, apesar de a Olímpiada-2016 poder servir de foco para algo do gênero.

"Estamos muito longe [do foco dos atentados mais recentes]", justificou a presidente, citando os atos cometidos em outubro em Ancara, a capital turca, e na sexta-feira (13) em Paris.

Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (16), Dilma disse que o terrorismo está muito concentrado na Europa, inclusive por suas redes e seus fornecedores (de armas e explosivos).

Yuri Kochetkov/Efe
A presidente Dilma Rousseff cumprimenta o colega russo, Vladimir Putin, antes da reunião dos BRICS na Turquia no domingo (15)
Dilma cumprimenta o presidente Vladimir Putin antes da reunião dos BRICS na Turquia no domingo (15)

Mesmo assim, admitiu que o Brasil "não está completamente protegido", daí porque acha necessário acelerar a votação da lei anti-terrorismo que se encontra no Congresso.

A cúpula do G20, normalmente um grupo que cuida de economia, ficou centrada no terrorismo, depois dos ataques a Paris na sexta-feira.

Dilma disse que as discussões entraram também no debate sobre as causas do terrorismo, que ela analisou para os jornalistas.

"Ninguém acha que tenha uma única causa", começou.

Depois, disse que se se pensar só em pobreza, é preciso lembrar que pessoas de classe média cometem atentados. Mesmo assim, disse a presidente, "ninguém pode negar que, em alguns lugares do mundo, a pobreza ajuda no recrutamento [de terroristas]".

ESTADO DISSOLVIDO

Outra causa, segundo o resumo de Dilma, seria a destruição do Estado, independentemente das causas que levaram a ela: "Quando o poder do Estado se dissolve, o terrorismo ganha maior espaço".

A presidente não disse, mas é óbvio que a Síria é um exemplo claro de como a dissolução do Estado abre, de fato, espaço para grupos extremistas como o Estado Islâmico.

O que a presidente repudia é "ligar terrorismo a uma religião".

"Ninguém pode tachar nenhuma religião de ser patrocinadora do terrorismo, ainda que alguns de seus membros, mas não a religião em si, tornem-se violentos".

A complexidade das causas justifica a afirmação de Dilma de que, embora seja fundamental a repressão ("se não o terrorismo fica solto"), o problema não se resolve só com ela.

"Para eliminar o terrorismo, é necessário outro tipo de gestão", que, no entanto, não especificou.


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