Folha de S. Paulo


Vítimas de atentados são retrato da vida noturna da capital francesa

À medida que os nomes das vítimas dos atentados do dia 13 de novembro em Paris são divulgados, a tragédia começa a ganhar um rosto, que é um retrato da vida noturna parisiense: hipsters, boêmios, jovens, músicos, jornalistas e estrangeiros.

"Os bairros que foram atingidos são os lugares que amamos, da Paris que amamos. Essa Paris popular e aberta", declarou a prefeita de Paris, Anne Hidalgo.

Entre os 129 mortos, 103 foram identificados, afirmou o premiê francês, Manuel Valls, neste domingo (16).

No final de semana, a imprensa francesa e familiares começaram a divulgar a identidade das vítimas.

Uma delas é Guillaume B. Decherf, 43, crítico musical francês especializado em heavy metal e que trabalhava para a revista "Inrockuptibles". Ele foi morto durante o concerto da banda Eagles of Death Metal no Bataclan.

Seu último texto havia sido justamente uma resenha de um álbum do grupo. O site da revista publicou um texto em sua homenagem. "Toda a Redação da revista está chocada com a sua morte."

Também francês, o operador de câmera da televisão France 24 Mathieu Hoche, 37, morreu durante o ataque ao Bataclan. Sua última mensagem no Facebook comemorava a compra de ingressos para o concerto.

Lassana Diarra, jogador da seleção de futebol da França, informou em um comunicado no site do Olympique de Marselha que sua prima Asta Diakite morreu em um dos ataques da capital francesa.

Na hora do atentado, Diarra disputava um jogo amistoso contra a Alemanha no Stade de France, em cujos arredores parte dos ataques foi realizada.

"Nesse clima de terror, é importante que todos permaneçamos unidos diante desse horror que não tem nem cor nem religião", escreveu o jogador.

PAIXÃO PELO ROCK

Colegas de faculdade no Instituto de Ciências Políticas (Sciences Po) de Rennes (oeste da França), Cédric Mauduit, 41, e David Perchirin são descritos no site da universidade como "jovens cheios de energia, cujo elo da amizade era a paixão pelo rock. Eles foram os primeiros a apresentar o Nirvana aos colegas de turma", diz o texto.

Os dois amigos morreram no atentado durante o show do Bataclan. Como forma de homenagem, os ex-colegas pedem que as pessoas assinem um abaixo-assinado para a realização de um concerto de David Bowie ou dos Rolling Stones em Paris.

As irmãs tunisianas Halima Saadi, 37, e Hodda Saadi, 35, morreram juntas no restaurante Belle Equipe. As duas comemoravam o aniversário de uma amiga na hora do ataque.

No mesmo local também morreu Hyacinthe Koma, 34. Originário de Burkina Faso, ele bebia uma cerveja com os amigos quando foi baleado.

REDES SOCIAIS

Fotos das pessoas desaparecidas ao lado da hashtag #RechercheParis são um dos principais instrumentos utilizados por médicos e funcionários dos hospitais parisienses para ajudar a localizar as vítimas.

Os internautas pedem que as descrições dos desaparecidos sejam difundidas para o maior número possível de usuários.

De acordo com a célula interministerial de crise, 4.600 telefonemas com pedidos de informação foram recebidos desde sexta-feira passada.

O Ministério do Interior da França também colocou no ar um site especial para a busca de vítimas (securite.interieur.gouv.fr) mas, devido ao excesso de acessos, a plataforma tem enfrentado problemas de conexão.

A rede de solidariedade virtual também ajudou para a campanha emergencial de doação de sangue.

Em Paris e nas cidades vizinhas, mais de 2.000 doadores se apresentaram no sábado, abastecendo o estoque dos hospitais da região. Em todo país, foram 9.000 doadores.


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