Folha de S. Paulo


Conheça 'Jihadi John', extremista britânico do EI alvo de ataque dos EUA

Reuters
A masked, black-clad militant, who has been identified by the Washington Post newspaper as a Briton named Mohammed Emwazi, brandishes a knife in this still image from a 2014 video obtained from SITE Intel Group February 26, 2015. Investigators believe that the masked killer known as
"Jihadi John", cidadão britânico que apareceu em vídeos de decapitação de reféns do EI

De um menino tímido, que adorava futebol, para um militante do Estado Islâmico (EI), Mohammed Emwazi, o "Jihadi John", se tornou uma das figuras mais conhecidas do movimento jihadista, procurado pelos Estados Unidos e pelo Reino Unido, país onde viveu a partir dos seis anos.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, fez um anúncio na manhã desta sexta-feira (13) sobre um ataque com drones na Síria, lançado pelos EUA nesta quinta-feira (12), que tinha como o alvo o extremista de nacionalidade britânica, mas não confirmou a morte de Emwazi.

Vivo ou morto, "Jihadi John" é uma figura contraditória, descrita pelos colegas de escola como um rapaz quieto, apegado à religião, que sonhava em ser jogador de futebol. "Era um menino adorável", segundo uma professora.

Emwazi nasceu no Kuwait em 1988 e se mudou com a família para Londres aos seis anos, em 1994. Filho de um motorista de táxi, era conhecido como "Pequeno Mo" pelos amigos por sua baixa estatura.

Na adolescência, se tornou amigo de um grupo de futuros terroristas, alguns já mortos. As reuniões do grupo aconteciam paralelamente a jogos de futebol em um campo em Londres. O líder do grupo, Bilal Berjawi, recrutava os amigos para treinamentos na Somália e chegou a lutar pelo braço da Al Qaeda no país, a Al Shabbab.

Infográfico: As vítimas do "Jihadi John"

Em 2009, Emwazi viajou pela primeira vez à Tanzânia com Berjawi e um amigo. O serviço secreto inglês, que já monitorava o grupo, agiu para impedir a entrada dos três no país após suspeitas de que a viagem se estenderia à Somália para treinamento.

O episódio, no qual Emwazi alegou abuso das autoridades britânicas, foi o catalisador de sua radicalização, de acordo com colegas e amigos. No mesmo ano, o rapaz conseguiu um emprego no Kuwait, na área de TI (tecnologia da informação) e retornou a seu país natal por alguns meses. O militante era formado pela Universidade de Westminister.

Em dezembro de 2010, ele acreditava que o serviço secreto o monitorava e, ao tentar sair do país, chegou a ser interrogado por seis horas no aeroporto de Heathrow, em Londres. Em e-mails a amigos, disse que não aguentava mais a perseguição e contemplava o suicídio.

Três anos depois, o militante deixa o Reino Unido e vai à Turquia, para trabalhar com refugiados sírios na região. Quatro meses depois de entrar em território turco, ele cruzou a fronteira com a Síria e se juntou aos militantes do EI.

Em agosto de 2014, o militante de nacionalidade britânica é visto e reconhecido pela primeira vez no vídeo que mostra o assassinato do jornalista norte-americano James Foley, decapitado

Nos meses seguintes, seria o carrasco que decapitou outros reféns ocidentais como americano-israelense Steve Sotloff e os britânicos David Haines e Alan Hennning. Nesse momento, Emwazi já havia se tornado uma celebridade entre os militantes do EI.

Abu Ayman, ex-militante do EI que alega ter conhecido Emwazi na Síria em 2013, acredita que a notoriedade do carrasco se tornou uma peça de propaganda para o grupo. "Alguns se juntaram depois de vê-lo; o tomam como exemplo", afirmou. "É uma celebridade, que atrai nossos irmãos muçulmanos na Europa".


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