Folha de S. Paulo


EUA lançam ataque na Síria contra 'Jihadi John', carrasco do EI

Os Estados Unidos lançaram nesta quinta-feira (12) um ataque com drones na Síria que teve como alvo o cidadão britânico Mohammed Emwazi, conhecido como "Jihadi John", que apareceu em vários vídeos de decapitações da milícia radical Estado Islâmico (EI), informou o Departamento de Defesa americano.

Apesar de não haver confirmação oficial sobre o sucesso da operação, autoridades militares americanas disseram aos meios de comunicação que é muito provável que Emwazi tenha sido morto.

"As Forças Armadas dos EUA realizaram um ataque aéreo em Raqqa em 12 de novembro de 2015 que teve como alvo Mohammed Emwazi, também conhecido como 'Jihadi John'. Estamos avaliando os resultados da operação desta noite e forneceremos as informações adicionais quando for apropriado", disse em comunicado o porta-voz do Departamento de Defesa americano, Peter Cook.

"Jihadi John" aparece em vídeos do EI que mostram os assassinatos dos jornalistas americanos Steven Sotloff e James Foley, do voluntário americano Abdul-Rahman Kassig, dos voluntários britânicos David Haines e Alan Henning, e do jornalista japonês Kenji Goto.

Infográfico: As vítimas do "Jihadi John"

Em pronunciamento nesta sexta-feira (13), o primeiro-ministro britânico, David Cameron, classificou Emwazi de "assassino bárbaro".

"Nós trabalhamos junto aos EUA, literalmente o tempo todo, para encontrá-lo", adicionou Cameron, sem confirmar se Emwazi foi morto no ataque. "Este foi um ato de legítima defesa. Foi a coisa certa a fazer."

Rami Abdul Rahman, diretor do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, organização sediada em Londres, disse à agência de notícias Reuters que "um carro que levava quatro líderes estrangeiros do EI, incluindo um jihadista britânico, foi atingido por bombardeios americanos próximo a um prédio do governo na cidade de Raqqa".

Ele citou fontes de Raqqa dizendo que o radical britânico era Emwazi, e que os corpos dos milicianos ficaram despedaçados após o ataque.

Segundo a emissora Fox News, uma fonte militar americana disse estar "99% certa" de que Emwazi foi atingido.

A emissora de televisão americana ABC News citou um funcionário do alto escalão que não foi identificado e contou que o "Jihadi John" teria sido "aniquilado" em um "golpe limpo" no qual não houve danos colaterais.

De acordo com essa fonte, Emwazi teria sido atacado em Raqqa no momento em que deixava um edifício e entrava em um veículo.

DOMÍNIOS DO ESTADO ISLÂMICOTerroristas controlam partes da Síria e do Iraque

Emwazi, 27, programador de informática de Londres, nasceu no Kuait, em uma família apátrida de origem iraquiana. Seus pais migraram para a o Reino Unido em 1993 depois que seus pedidos de cidadania kuaitiana fracassaram.

Um ex-refém do "Jihadi John" o descreve como "frio, sádico e impiedoso". Além de ser o carrasco mais conhecido do EI, suspeita-se que Emwazi desempenhe papel importante também na segurança tecnológica dos radicais, que disfarçam as origens de suas comunicações.

Segundo o jornalista espanhol Javier Espinosa, que foi mantido em cativeiro por mais de seis meses na Síria, seu grupo de cerca de 20 reféns apelidou seus três captores aparentemente britânicos de os "Beatles", em referência à banda do Reino Unido. O apelido "Jihadi John" seria uma referência a John Lennon, vocalista do grupo musical.

"'Jihadi John' queria o máximo de drama. Ele havia trazido consigo uma antiga espada do tipo que os muçulmanos usavam na Idade Média", escreveu Espinosa em relato sobre sua experiência em cativeiro para o jornal espanhol "El Mundo".

ESTRANGEIROS NO EI

O britânico Emwazi é símbolo do movimento de radicais de diferentes partes do mundo que viajam ao Oriente Médio para se somar às fileiras de combatentes do EI.

Estima-se que mais de 20 mil combatentes estrangeiros tenham viajado à Síria e ao Iraque desde a ascensão da milícia, em junho de 2014. O EI atrai milicianos de ao menos 90 países, sendo 20% dos combatentes originários de países do Ocidente

Não há informações de brasileiros lutando no Estado Islâmico. Mas o brasileiro Kaíke Guimarães está detido na Espanha, acusado de tentar fazê-lo. O belga Brian de Mulder, filho de brasileira, viajou por sua vez à Síria em 2013 e tornou-se Abu Qassem Brazili, apesar de não ter a nacionalidade brasileira.

LEGIÃO DE COMBATENTES ESTRANGEIROS NO EINos últimos anos, dezenas de milhares se dirigiram à Síria e ao Iraque para unir-se a facções radicais como o Estado Islâmico

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