Folha de S. Paulo


Explosões matam ao menos 37 em bastião do Hizbullah em Beirute

Pelo menos 37 pessoas morreram e mais de 180 ficaram feridas nesta quinta-feira (12) em dois ataques de homens-bomba a um subúrbio xiita no sul de Beirute, a capital do Líbano, informou o Ministério do Interior libanês.

A região é bastião do grupo radical xiita Hizbullah, cujos militantes atuam ao lado das forças do ditador da Síria, Bashar al-Assad, na guerra civil no país vizinho. O conflito começou em 2011 e já matou mais de 200 mil pessoas, segundo estimativas da ONU.

No Twitter, simpatizantes do grupo terrorista Estado Islâmico reivindicaram a autoria do ataque ao subúrbio de Beirute e disseram que uma moto carregada de explosivos foi utilizada no atentado.

"Que os apóstatas xiitas saibam que não descansaremos até a vingança em nome do profeta", afirmou o comunicado dos simpatizantes.

A reivindicação não foi confirmada por outras fontes, mas o Hizbullah e o Estado Islâmico –que é um grupo muçulmano sunita– são adversários no conflito sírio.

Hasan Shaaban/Reuters
Moradores da região sul de Beirute observam dano causado na área pelo ataque de dois homens-bomba
Moradores da região sul de Beirute observam dano causado na área pelo ataque de dois homens-bomba

Até o ataque desta quarta, não havia notícia de movimentos afiliados ao EI atuando em território libanês, embora o país venha sendo atingido por confrontos relacionados à guerra civil síria.

O Líbano abriga mais de 1,1 milhão de refugiados sírios, o equivalente a um quarto da população libanesa inteira.

De acordo com o grupo de monitoramento de terrorismo Site, o EI só reivindicara um ataque anterior em Beirute –ao distrito de Haret Hreik, também de maioria xiita, em janeiro do ano passado.

DUAS EXPLOSÕES

Segundo forças de segurança libanesas, as explosões na capital aconteceram quase simultaneamente na noite desta quinta (no horário do Líbano) e atingiram um centro comunitário xiita e uma padaria na área residencial e comercial de Borj al-Barajneh.

Falando sob anonimato à agência Associated Press, outro funcionário do governo libanês, porém, destacou que um dos ataques aconteceu nas cercanias de uma mesquita.

A região onde ocorreram os atentados também fica nas proximidades de um hospital administrado pelo Hizbullah.

O ministro do Interior do Líbano, Nouhad Machnouk, disse que um terceiro homem-bomba foi morto pelas explosões –ele foi encontrado sem as pernas e com um cinto de explosivos intacto, perto do local do segundo atentado.

O número de pelo menos 180 feridos foi estimado pelo chefe de operações da Cruz Vermelha libanesa, George Kittaneh, em uma entrevista à televisão estatal do país.

SEM FOTOS

Depois dos atentados, o Exército libanês instalou postos de controle em todas as rotas de entrada para os subúrbios ao sul de Beirute, e as forças do próprio Hizbullah foram postas em alerta.

Hospitais da região sul da capital libanesa fizeram apelos por doações de sangue, e homens armados do Hizbullah cercaram a área, proibindo que qualquer pessoa se aproximasse a menos de 50 metros do local das explosões.

"Há um massacre lá dentro, e não vamos deixar que você faça fotos", disse um militante do grupo xiita a um fotógrafo da Associated Press.

O Hizbullah também ordenou aos frequentadores da área que saíssem das lojas de Borj al-Barajneh e alertassem para qualquer movimentação suspeita.

Um assistente da liderança do grupo, Hussein Khalil, prometeu que a "batalha contra os terroristas" continuará. "Será uma longa guerra entre nós", declarou.

As áreas xiitas do sul de Beirute já haviam sofrido ataques de grupos militantes sunitas, mas o último ocorrera há um ano.

No Líbano, a comunidade xiita apoia a gestão Assad na Síria, enquanto os sunitas se alinham aos rebeldes que tentam derrubá-lo.

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