Folha de S. Paulo


Pelo menos 105 corpos são achados em vala comum no México

Autoridades mexicanas investigam oficiais de segurança locais que colocaram pelo menos 105 vítimas não identificadas de crimes violentos em valas comuns no México, disseram autoridades.

Os corpos foram encontrados em uma pequena comunidade indígena no Estado de Morelos, que possui uma das maiores taxas de sequestros do país, de acordo com o procurador do Estado Javier Perez.

Os oficiais são investigados por prevaricação e violação das leis que cobrem o sepultamento de cadáveres, disse a promotoria em comunicado.

Não foi especificado quantos oficiais estão sendo investigados, ou há quanto tempo acredita-se que a vala comum esteja sendo usada.

A onda de violência dos cartéis de drogas no México na última década tem deixado um grande número de vítimas, as quais as autoridades não conseguem identificar. Elas são muitas vezes despejadas em valas comuns em cemitérios, após a concessão de autorização oficial para fazê-lo. Este local, no entanto, não foi autorizado, disse Perez.

Os corpos foram encontrados em sacos plásticos e a maioria, mas não todos, inclui uma garrafa que contém o número de caso das investigações policiais, de acordo com uma autoridade da Comissão de Direitos Humanos estatal, que pediu anonimato por não estar autorizada a falar com a imprensa.

"Eles estavam todos juntos em uma cova gigante", disse a autoridade.

A vala comum foi descoberta após busca feita pela família de um homem sequestrado e morto em 2013.

Ainda que o corpo tenha sido identificado por testes de DNA, ainda assim ele foi jogado na vala.

VIOLÊNCIA

Em setembro completou um ano a tragédia de Ayotzinapa, na qual 43 estudantes desapareceram e seis pessoas foram mortas em Guerrero, no México -um crime com envolvimento de policiais, autoridades e membros de um cartel do tráfico.

Embora as investigações apontem para várias hipóteses, até hoje o motivo do sumiço dos jovens não foi elucidado. Estão previstos protestos para este sábado na capital e em outras regiões do México, nos EUA e na Europa.

Houve irregularidades na investigação, como uso de tortura na obtenção de depoimentos e destruição de provas. Acusado pelo texto de não atuar de modo ágil, o governo afirmou que dará atenção às denúncias.


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