Folha de S. Paulo


Livro mapeia campanha de boicote a Israel e sugere reação

Há cerca de dez dias, mais de 300 acadêmicos de 72 instituições de ensino superior do Reino Unido se comprometeram, em carta, a não aceitar mais convites para visitas acadêmicas ou realizar cooperações com universidades israelenses.

A ação foi uma das mais recentes influenciadas pelo movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que prega o boicote como forma de pressionar Israel pelo fim da ocupação de territórios palestinos.

Para o editor da revista "The American Spectator" Jed Babbin, alto funcionário do Departamento de Defesa no governo de George Bush (1989-1993), e o presidente do conservador Instituto Hudson, Herbert London, autores de "A Nova Guerra Contra Israel", no entanto, o BDS é mais do que isso.

"É uma das maiores ameaças que Israel já enfrentou", afirmam no livro lançado no Brasil pela Editora Simonsen.

O argumento é que a campanha global configura um ataque assimétrico a Israel, que estaria despreparado para enfrentar inimigos neste terreno ou relutar em fazê-lo.

Por essas duas razões, Israel teria demorado para começar a responder ao movimento, criado em 2005. Segundo os autores, os cidadãos e o governo israelenses foram incapazes de afinar o discurso em oposição ao BDS na última década.

Rabbin e London dedicam boa parte do livro a responder às acusações feitas pelo movimento, como as de que Israel é um "Estado de apartheid", comete crimes de guerra e genocídio contra palestinos e de que o bloqueio à faixa de Gaza é ilegal. Seus argumentos repetem o discurso israelense já conhecido.

O mais interessante, contudo, é o levantamento sobre o financiamento às organizações não governamentais que apoiam o BDS e sobre a forma de atuação do movimento.

Reproduzindo dados compilados pela NGO Monitor, que monitora o trabalho de ONGs, especialmente as de discurso anti-Israel, os autores colocam a União Europeia como uma das principais fontes de financiamento do BDS.

Segundo a NGO Monitor, a UE doou, por meio do Instrumento Europeu para a Democracia e os Direitos Humanos (EIDHR, em inglês), cerca de € 11 milhões, de 2007 a 2010, para ONGs que defendem a pauta política palestina.

Os governos de Espanha e Suécia também figuram entre os que financiam ONGs que sustentam o movimento.

LINHA DE PROPAGAÇÃO

Essas organizações estão inclusive, segundo os autores, em primeiro lugar na linha de propagação do BDS.

Em segundo, estariam "plateias suscetíveis à propaganda" anti-Israel, como as universidades e a mídia.

Para os autores, o BDS é uma fonte natural de atração para a mídia, pois apela às "sensibilidades esquerdistas da maioria dos jornalistas".

Na academia, o que pesaria é o idealismo de estudantes e docentes. Os autores comparam, inclusive, o sucesso do BDS nesse ambiente à adesão que o movimento pacifista teve em universidades dos EUA nos anos 1960.

Se aparentam estar perdidos sobre o poder de influência do movimento nos próximos anos, os autores também propõem formas de contê-lo, como incentivar leis nos EUA que proíbam o financiamento dessas ONGs.

É algo que exigiria movimentação extra do forte lobby judeu no país, mas que, para os autores, seria ferramenta poderosa para lutar a "nova guerra".

A nova guerra contra Israel
QUANTO: R$ 39,90 (172 PÁGS.)
AUTOR: JED BABBIN E HERBERT LONDON
EDITORA: SIMONSEN


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