O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira (6) sua decisão final de rejeitar o pedido de uma empresa canadense para a construção do controvertido oleoduto Keystone XL entre Alberta, no sudoeste do Canadá, e o Estado americano de Nebraska.
O anúncio põe fim a sete anos de disputa entre a oposição republicana, que defende o projeto por motivos econômicos, e o governo do democrata Obama, que o rejeitou por razões ambientais.
"A América agora é um líder global em ações sérias de combate à mudança climática", disse Obama na Casa Branca ao lado do vice-presidente, Joe Biden, e do secretário de Estado, John Kerry.
"A aprovação desse projeto teria prejudicado essa liderança mundial", acrescentou o presidente americano.
O anúncio é feito estrategicamente a menos de um mês da Conferência de Paris (COP-21), na qual Obama espera ter papel de liderança na negociação de um histórico acordo internacional para conter mudanças climáticas.
A decisão foi facilitada pela recente eleição do liberal Justin Trudeau como premiê do Canadá. Seu antecessor, o conservador Stephen Harper, considerava o projeto prioritário, e um veto poderia causar dano às relações dos EUA com um aliado importante.
A rejeição já era esperada, depois de Obama ter vetado o projeto em fevereiro, apesar de ele ter sido aprovado pela Câmara e pelo Senado, sob controle da oposição.
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Oleoduto Keystone |
O Keystone XL era a última fase de um gigantesco sistema de quatro oleodutos. Segundo a empresa responsável, TransCanada Corp, o projeto teria um custo de US$ 8 bilhões e capacidade de transportar 830 mil barris da fronteira com o Canadá até o golfo do México.
'FUTEBOL POLÍTICO'
O que começou como um projeto rotineiro e obscuro virou um "futebol político", na definição de alguns analistas, dominando campanhas eleitorais como um símbolo da disputa entre os partidos em torno de temas considerados cruciais: energia, mudança climática e economia.
Um dos principais argumentos dos defensores do projeto é que ele criaria milhares de empregos, mas o governo afirma que o impacto na economia seria pequeno.
De acordo com um estudo do Departamento de Estado, o oleoduto criaria 42 mil empregos em seus dois anos de construção, mas apenas 35 seriam permanentes.
O próprio Obama, em seu anúncio na Casa Branca, reconheceu que o veto a um único oleoduto terá efeito limitado no esforço para reduzir as emissões de gases poluentes e que a discussão ganhou importância exagerada em meio a protestos de ambientalistas em frente à Casa Branca e discursos furiosos de políticos da oposição.
"Durante anos, o oleoduto Keystone XL ocupou um lugar superinflado no nosso discurso político. Tornou-se um símbolo, muitas vezes usado como arma de campanha por ambos os partidos, em vez de ser um assunto sério sobre políticas. Tudo isso escondeu o fato de que esse oleoduto não seria uma solução mágica para a economia, como alguns prometiam, nem uma estrada para desastres ambientais, como outros proclamavam", disse Obama.
Como esperado, os republicanos criticaram duramente o anúncio. Em nota, o recém-eleito presidente da Câmara, Paul Ryan, chamou a decisão de Obama de "repugnante".