Folha de S. Paulo


Campanha acaba na Argentina com foco em 30% dos indecisos

Os candidatos à Presidência argentina encerraram suas campanhas nesta quinta (22) com atos nos locais mais estratégicos para definir a eleição de domingo.

O governista Daniel Scioli comandou evento no Luna Park, em Buenos Aires, enquanto Mauricio Macri esteve em Córdoba, e Sergio Massa, em Tigre, na província de Buenos Aires.

"Eles não escolheram esses pontos à toa. Macri sabe que em Córdoba pode ainda crescer um ou dois pontos, e isso o ajudaria a provocar um segundo turno", disse o analista Patricio Giusto, do Diagnóstico Político.

Scioli também foi a Córdoba nesta semana. O que se disputa ali é o eleitorado fiel ao governador José Manuel de la Sota, peronista opositor que tem apoiado o terceiro colocado, Sergio Massa.

Juan Mabromata/AFP
Partidários de Daniel Scioli, candidato da presidente Cristina Kirchner, durante comício no Luna Park, em Buenos Aires
Partidários de Daniel Scioli, candidato da presidente Cristina Kirchner, durante comício em Buenos Aires

Nesta semana, os candidatos percorreram a província de Buenos Aires, que tem 37% do eleitorado, e apareceram em programas de TV.

Segundo a diretora do instituto Management & Fit, Mariel Fornoni, no início da semana 30% dos votos ainda eram voláteis: 15% indecisos e 15% podendo mudar o voto até a última hora.

Como projeções mostrando placar apertado, a definição desses votos pode mudar o rumo do pleito. Na última pesquisa do instituto, o governista Scioli tem 38,3% das intenções, seguido de Macri (Mudemos), com 29,2%, e Massa (UNA), com 21%.

Para vencer no primeiro turno, Scioli precisa alcançar 45% dos votos ou 40% com dez pontos de diferença sobre o segundo. Caso contrário, haverá um segundo turno, inédito na Argentina.

Nesta quinta, no último ato público, Scioli pediu votos a eleitores de outros partidos.

"Convoco os indecisos e os independentes –porque sei que não são indiferentes–, os radicais da vertente nacional e popular e os peronistas que se afastaram. Convoco os socialistas e os progressistas, porque compartilhamos os valores da justiça social".

Cristina Kirchner não foi ao comício. Tampouco os movimentos sociais kirchneristas, como o La Cámpora. Em vez disso, a militância, com tambores, foi trazida por sindicatos e políticos aliados.

MACRI E MASSA

Em busca de eleitores entre o peronismo, o chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Mauricio Macri, decidiu encerrar sua campanha em Córdoba, segundo maior colégio eleitoral do país.

No teatro Orfeo, na capital da província, discursou criticando o governo de Cristina e prometendo não mais fazer tantas cadeias nacionais como a atual presidente.

"Também não vou mentir sobre o Indec, nem sobre a inflação, nem sobre a pobreza."

Prometeu, porém, que daria continuidade aos planos de assistência social.

Macri fez, ainda, várias referências positivas a Córdoba, pedindo o voto dos jovens da região. Ao fim, puxou um coro de "Sí, se puede" (sim, se pode), no qual foi seguido pela audiência.

Já Sergio Massa encerrou sua campanha com um evento no Museu de Tigre, cidade a cerca de uma hora da capital que ele governou entre 2007 e 2013.

No discurso, investiu contra os militantes da agrupação La Cámpora, simpática ao governo de Cristina, e repisou suas propostas na área da segurança.

"Aqueles que creem que podem escapar da lei e da Justiça buscando pactos de impunidade... se sou presidente, quem tiver que ir preso, será preso, não importa o nome ou o cargo. Acabarão os privilégios na Argentina", disse.

"No domingo vamos ao segundo turno e, se chegarmos lá, viraremos a página do kirchnerismo".


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