Folha de S. Paulo


Rússia lança mísseis contra radicais na Síria a partir do mar Cáspio

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Quatro navios de guerra russos localizados no mar Cáspio lançaram 26 mísseis contra posições da facção radical Estado Islâmico (EI) na Síria, disse o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, ao lado do presidente Vladimir Putin em um pronunciamento transmitido na TV.

Para chegar à Síria, os mísseis percorreram cerca de 1.500 quilômetros e cruzaram diversas fronteiras nacionais. Shoigu insistiu que a operação destruiu todos seus alvos e que não mirou áreas ocupadas por civis.

A Rússia iniciou há uma semana uma campanha de ataques aéreos na Síria em favor do ditador Bashar al-Assad com o objetivo declarado de combater grupos terroristas.

Desde que começou seus bombardeios, a Rússia é criticada pelo Ocidente por supostamente ter atacado posições de rebeldes sírios apoiados pelos EUA, por enviar mais soldados e navios em apoio a Assad e por invadir o espaço aéreo da Turquia.

RUSSIA LANÇA MISSEIS CONTRA O EI

Apoiado por bombardeios russos, o Exército da Síria iniciou nesta quarta-feira (7) uma grande ofensiva por terra contra posições de rebeldes nas províncias de Hama e Idlib, no centro do país.

Após sofrerem uma série de derrotas, as tropas leais ao ditador Bashar al-Assad parecem ter sido encorajadas pelos bombardeios russos, iniciados há uma semana, a retomar os combates contra grupos rebeldes envolvidos na guerra civil.

Embora a ofensiva desta quarta-feira represente uma importante escalada militar no conflito sírio, não está claro se ela resultará em ganhos rápidos para o regime de Assad em um conflito que já se arrasta por mais de quatro anos.

ALIANÇAS

Putin disse nesta quarta-feira que o presidente francês, François Hollande, sugeriu em conversa privada entre ambos na semana passada que as forças do regime sírio formassem uma aliança com o grupo opositor Exército Livre da Síria (ELS).

Putin esteve em Paris na sexta-feira (2) para discutir assuntos como os conflitos na Síria e na Ucrânia.

Na TV, Putin disse que achou a ideia de Hollande "interessante", mas ressaltou que Moscou tem poucas informações sobre o ELS, "Ainda não sabemos onde está e quem o lidera", afirmou.

"Como [o ELS] é supostamente a unidade de combate da chamada oposição saudável, seriam criadas boas condições para uma resolução política na Síria caso eles juntassem esforços contra o inimigo comum, terroristas, o Estado Isâmico, a frente Al-Nusra [ligada à Al-Qaeda] e outros", disse Putin.

Infográfico: As armas de Putin na Síria

O porta-voz do ministério da Defesa russo, general Igor Konashenkov, disse nesta quarta-feira que seu país poderia aplicar propostas americanas para coordenar os bombardeios russos na Síria com os da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos.

"O ministério russo da Defesa respondeu às demandas do Pentágono e examinou de maneira profunda as propostas americanas sobre a coordenação das operações como parte da luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico no território sírio", afirmou Konashenkov.

O secretário da Defesa dos EUA, Ash Carter, disse nesta quarta que o Pentágono não coordenará com a Rússia suas operações militares na Síria porque a estratégia de Moscou é "tragicamente falha".

"Apesar do que dizem os russos, nós não concordamos em cooperar com a Rússia enquanto eles continuarem com sua estratégia errada e atingir esses alvos [da oposição síria]", disse Carter.

Segundo o secretário, as autoridades americanas e russas continuarão conversando para evitar possíveis incidentes no espaço aéreo sírio.

Desde que iniciou sua intervenção na guerra síria, Moscou vem pressionando o Ocidente para coordenar esforços contra o EI e para pôr em prática uma solução que mantenha Assad no poder. Desde o início do conflito, os EUA apostam na queda do ditador e oferecem treinamento para grupos da oposição como o ELS.


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