Folha de S. Paulo


Entenda quem são os principais atores envolvidos na guerra civil na Síria

DOMÍNIOS DO ESTADO ISLÂMICOTerroristas controlam partes da Síria e do Iraque

A entrada da Rússia na guerra civil da Síria torna ainda mais complexo o conflito entre o regime do ditador Bashar al-Assad e seus opositores, iniciado em março de 2011.

Nos mais de quatro anos de conflito, diversos atores, nacionais e estrangeiros, tiveram atuação decisiva para que fosse mantido o impasse político que levou à continuidade dos combates.

Enquanto isso, mais de 9 milhões de sírios deixaram suas casas. Destas, 4 milhões deixaram o país e se passaram a se concentrar em campos de refugiados ou tentar chegar à Europa ou a outros países como o Brasil.

Veja abaixo detalhes sobre os participantes diretos e indiretos da guerra civil:

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Khaled al-Hariri - 14.abr.14/Reuters
Soldados leais a Bashar al-Assad carregam bandeira síria com a foto do ditador em tanque de guerra
Soldados leais a Bashar al-Assad carregam bandeira síria com a foto do ditador em tanque de guerra

EXÉRCITO SÍRIO

O Exército sírio, que contava com 300 mil efetivos em suas unidades no começo do conflito, viu este número cair pela metade, seja por mortes, mutilações ou insubordinação.

As forças perderam dois terços do território do país para a milícia Estado Islâmico (EI), curdos, rebeldes moderados do autodenominado Exército Sírio Livre e islamitas da Frente al-Nusra, braço sírio da Al Qaeda.

Porém, o território que ainda controlam é estratégico, já que compreende a capital, Damasco, as cidades de Homs e Hama, no centro, o litoral e parte da província de Aleppo, onde vive a metade da população que ainda está na Síria.

ALIADOS DO REGIME

- Rússia: o país realizou nesta quarta (30) seus primeiros ataques aéreos, após reforçarem sua presença militar em território sírio. Atua também na frente diplomática, bloqueando tentativas de condenar Assad na ONU.

- Irã: principal aliado regional do regime, enviou 7.000 membros da Guarda Revolucionária para apoiar o Exército, assim como conselheiros militares e ajuda econômica.

- Hizbullah: o grupo radical xiita libanês é uma das milícias que contribuíram para o regime conseguir dominar áreas antes controladas pelos rebeldes moderados.

- Milícias pró-regime: com força de 150 mil a 200 mil homens, paramilitares ainda recebem apoio de combatentes vindos de países como Líbano, Irã, Iraque e Afeganistão.

Abdalrhman Ismail - 3.set.15/Reuters
Integrantes do Exército Livre Sírio fazem patrulhamento na cidade de Aleppo, no norte da Síria
Integrantes do Exército Livre Sírio fazem patrulhamento na cidade de Aleppo, no norte da Síria

REBELDES MODERADOS E ISLAMITAS

- Ahrar al-Sham: um dos principais grupos rebeldes moderados, foi criado em 2011 e financiado por países do golfo Pérsico e pela Turquia. A milícia está presente principalmente no norte e na região de Damasco

- Frente al-Nusra: filial síria da rede terrorista Al Qaeda, é o segundo grupo radical islâmico do país, depois do Estado Islâmico. Domina as províncias de Idlib e Aleppo, no norte, além de parte da periferia de Damasco

- Jaish al-Islam: também de inspiração islâmica, é o mais importante grupo rebelde da região de Damasco.

- Frente do Sul: composta por grupos armados não-islamitas, conquistou parte da província de Deraa (sul).

ESTADO ISLÂMICO

A facção mais organizada, mais rica e temido graças às atrocidades que comete, o Estado Islâmico conquistou desde o início do conflito metade do território sírio.

Liderado por Abu Bakr al-Baghdadi, conta com dezenas de milhares de combatentes para enfrentar o regime, a Frente al-Nusra e grupos rebeldes moderados, assim como os combatentes curdos.

Em junho de 2014 proclamou um califado nos territórios conquistados na Síria e no Iraque. Na mesma época, eles começaram a mostrar seus vídeos de assassinatos brutais de reféns e minorias étnicas, religiosas e sexuais.

Quase 30 mil estrangeiros chegaram a ambos os países desde 2011 para se filiar à milícia, segundo os serviços de inteligência americanos. A propaganda nas redes sociais é apontada como um dos principais atrativos.

Delil Souleiman - 2.ago.2015/AFP
Combatentes curdos se deslocam em tanque durante batalha na cidade de Hasakah, na Síria, em agosto
Combatentes curdos se deslocam em tanque durante batalha na cidade de Hasakah, na Síria, em agosto

CURDOS

Sobretudo presentes no norte e no noroeste da Síria, os curdos defendem eles mesmos suas regiões após a retirada do regime de Assad. Receberam o apoio da internacional para vencer o Estado Islâmico em várias de suas cidades, apesar dos ataques aéreos da Turquia.

COALIZÃO INTERNACIONAL

Diante das atrocidades cometidas pelo EI, os Estados Unidos e vários países árabes lançaram desde setembro de 2014 vários ataques aéreos contra os radicais do Estado Islâmico, sem conseguir neutralizá-los até agora.

Outros países ocidentais, entre eles o Reino Unido e a França, se uniram. No entanto, a maior parte das forças é composta por países do Oriente Médio e do norte da África que já davam apoio aos rebeldes, como as monarquias do golfo Pérsico.


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