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Rússia inicia ofensiva aérea na Síria em favor de Assad, diz governo

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A Rússia lançou, nesta quarta-feira (30), seus primeiros ataques aéreos em favor do regime do ditador Bashar al-Assad, disse o Ministério da Defesa a agências de notícias russas.

Segundo o porta-voz do ministério, Igor Konashenkov, jatos russos fizeram cerca de 20 voos e atingiram um total de oito alvos da facção radical Estado Islâmico (EI).

Moscou alegou ter destruído veículos, um posto de comando da facção e um centro de operações instalado em uma região remota.

Mahmoud Taha/AFP
A picture taken on September 30, 2015 shows a general view of deserted streets and damaged buildings in the central Syrian town of Talbisseh in the Homs province. Russia confirmed on Septemer 30 that it carried out its first airstrike in Syria, near the city of Homs, marking the formal start of Moscow's military intervention in the 4.5-year-old conflict. AFP PHOTO / MAHMOUD TAHA ORG XMIT: MAT01
Foto tirada nesta quarta-feira (30) mostra prédio destruído na província de Homs, atacada pela Rússia

A ação militar ocorre logo após o Parlamento russo ter autorizado, a pedido do presidente russo, Vladimir Putin, o uso da Força Aérea na Síria para dar suporte a Assad.

Ativistas sírios afirmaram que os ataques russos deixaram dezenas de mortos e feridos.

Uma autoridade do regime de Assad não identificada disse à agência de notícias Associated Press que os bombardeios da Rússia foram coordenados com a Força Aérea síria. Além disso, informações preliminares dão conta de que ocorreram ataques nas áreas de Rastan e Talbiseh, na província de Homs, e em áreas próximas à cidade de Salamiyah, na província de Hama. Não está claro se outras regiões foram alvo da ofensiva.

Segundo o Instituto de Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), as duas primeiras cidades são dominadas por rebeldes contrários ao regime, enquanto a última é disputada por extremistas do EI e da frente Al-Nusra, aliada à Al-Qaeda.

O grupo rebelde Tajamu Alezzah, apoiado pelos EUA, disse que posições suas na região central da Síria foram atingidas pelos bombardeios russos. No Twitter, os insurgentes publicaram uma mensagem irônica dizendo que "erradicar o terrorismo aparentemente começa com ataques" contra suas posições.

Rússia ataca Síria

Mais cedo, uma autoridade americana havia dito sob condição de anonimato à emissora CNN que os russos informaram a Embaixada dos EUA em Moscou sobre a operação militar com uma hora de antecedência para que aviões americanos que bombardeiam posições do EI não sobrevoassem a Síria.

Segundo os EUA, seus ataques aéreos prosseguiram normalmente apesar do alerta russo.

Pouco após a confirmação da ação militar russa na Síria, ministros das Relações Exteriores de potências mundiais iniciaram uma reunião do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, convocada pela Rússia para discutir uma estratégia conjunta de combate ao EI e outros grupos radicais.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, disse na reunião que seu país está "pronto para estabelecer canais de comunicação para garantir a eficiência máxima do combate a grupos terroristas" junto aos EUA e outros países.

Na segunda-feira (28), o presidente americano, Barack Obama, havia dito perante a Assembleia-Geral da ONU que estava disposto a cooperar com países como Rússia e Irã para pôr fim à guerra civil na Síria.

O MAPA DA GUERRA NA SÍRIA País vive conflito interno há mais de quatro anos

Não há mais detalhes sobre os ataques aéreos da Rússia nesta quarta-feira, como o local de partida dos jatos russos.

Foi descoberto recentemente que a Rússia estaria construindo uma base aérea operacional em território sírio, o que elevou as tensões entre Moscou e o Ocidente. Imagens e satélite recente mostram 28 aeronaves de combate na base aérea.

A Rússia reiterou diversas vezes seu apoio ao regime sírio, avaliando ser essa a melhor forma de barrar o avanço do EI. O Ocidente, que também coordena bombardeios contra o EI, oferece apoio a grupos rebeldes e pede a renúncia de Assad.

A operação militar russa na Síria reconfigura a correlação de forças nesse país árabe, que vive desde 2011 uma guerra civil que já deixou mais de 220 mil mortos e forçou o deslocamento de 11 milhões de pessoas.


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