Folha de S. Paulo


Coiotes lucram com desespero dos que tentam fugir de países em conflito

O Brasil nem sempre é a primeira opção de quem foge da guerra ou da fome. No entanto, diante das restrições impostas na Europa e nos EUA, os estrangeiros em busca de refúgio passaram a ver o Brasil como alternativa devido aos custos menores e às facilidades de entrada.

Ante a maior crise de refugiados e migrantes desde a Segunda Guerra, quem mais tem lucrado são os coiotes.

Avanço islâmico

O desespero para sair do país, o destino escolhido, a desinformação dos que tentam escapar e a ganância dos contrabandistas de migrantes fazem os valores variarem bastante.

Mohammad al-Nader, 25 anos, diz ter pago US$ 4.000 em fevereiro de 2014 para entrar no Brasil, saindo de Quneitra, na Síria. E gastou a mesma quantia 11 meses depois para trazer a mulher, Duaa, e o filho, Mammun, 2. A família vive hoje em Francisco Beltrão, cidade de 85 mil habitantes no Paraná.

Evolução das mesquitas e mussalas - No Paraná, por ano

Mohammad conta que para a Alemanha ou a Suécia, suas primeiras opções, a viagem custaria US$ 16 mil.

Quando em grupos, o valor é menor, como revela o sírio Abdul, 26, que vive em Francisco Beltrão e tem medo de dizer o nome completo porque ainda tem uma irmã morando em Damasco.

Abdul diz ter pago US$ 6.500 para entrar no Brasil em março do ano passado com pai, mãe e duas irmãs.

O curioso é que outro sírio, Mohammad Arabi Sheiban, 27, diz ter pago apenas US$ 1.000 para entrar no Brasil, também saindo de Damasco.

Sheiban afirma ter pago o mesmo valor para trazer o irmão de 17 anos, há cinco meses. Ele mora em Marechal Cândido Rondon, no Paraná, e trabalha no abate halal no frigorífico da Copagril.

Parvej Ahmed, 23, pagou US$ 10 mil para chegar ao Brasil, saindo de Beanibazar, Bangladesh. Hoje, ele coordena os 190 estrangeiros que trabalham no abate halal na Copagril, em Francisco Beltrão.


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