Folha de S. Paulo


Cinegrafista faz refugiado tropeçar enquanto fugia da polícia na Hungria

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Uma cinegrafista de um canal de TV nacionalista da Hungria foi flagrada chutando duas crianças refugiadas e fazendo um homem cair enquanto eles corriam da polícia em Roszke, logo após cruzarem a fronteira com a Sérvia.

As imagens foram gravadas pelo repórter alemão Stephan Richter, que divulgou o vídeo no Twitter nesta terça (8). Nos 20 segundos de imagem, Petra Laszlo aparece provocando a queda de um homem que levava uma menina.

Marko Djurica/Reuters
Cinegrafista chutou imigrante que levava uma criança e fugia da polícia em cidade fronteiriça na Hungria
Cinegrafista chutou imigrante que levava uma criança e fugia da polícia em cidade fronteiriça na Hungria

O refugiado cai sobre a criança que levava. Quando o estrangeiro foi reclamar com a cinegrafista húngara, ela estava filmando outro ponto da fuga dos refugiados. O vídeo provocou comoção na internet.

O canal em que Laszlo trabalha é aliado do partido de extrema direita Jobbik, que defende ideias neonazistas, antissemitas e anti-imigração. A agremiação é a terceira maior do Parlamento e faz oposição ao primeiro-ministro Viktor Orban.

Petra Laszlo ainda não se pronunciou sobre o caso. O canal N1TV informou que a demitiu "por seu comportamento inaceitável". "O emprego da cinegrafista foi retirado de forma imediata, o caso para nós está encerrado."

Além de discursos feitos pelo líder do Jobbik, Gabor Vona, o site do canal traz outros textos críticos aos imigrantes. Em um deles, comparam a Hungria à base dos EUA em Guantánamo (Cuba), que abriga presos acusados de terrorismo.

Partidos de centro e de esquerda iniciaram um processo por violência contra a cinegrafista, que pode ser punida com até cinco anos de prisão. A Hungria é um dos países de passagem dos refugiados e dos imigrantes que vêm do Oriente Médio em direção ao norte da Europa.

O primeiro-ministro do país, Viktor Orban, é contra as cotas de refugiados por país da União Europeia e culpa a Alemanha pela chegada dos estrangeiros. Na semana passada, as estações de trem do país ficaram lotadas diante da negativa das autoridades locais de permitir sua passagem para outros países.

Depois de dias de confrontos com a polícia e de passarem fome e sede, os refugiados começaram a deixar o país e atravessar a fronteira com a Áustria.


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