Folha de S. Paulo


Jornal turco é alvo de buscas após publicar reportagem contra o governo

A polícia da Turquia fez nesta terça-feira (1º) buscas em instalações de um grupo empresarial e de mídia ligado a Fethullah Gulen, um clérigo islâmico moderado que vive nos EUA e que o governo acusa de tentar desestabilizá-lo.

Seis pessoas foram detidas, informou a mídia estatal turca.

Críticos denunciaram a ação como uma ofensiva do governo contra opositores à medida que se aproximam as eleições de 1º de novembro.

Em Ancara, a polícia fez buscas em 23 empresas pertencentes à holding Koza Ipek, sob suspeita de que preste assistência financeira ao movimento liderado por Fethullah Gulen, informou a agência estatal Anadolu.

A agência relatou que seis pessoas foram levadas sob custódia para interrogatório. O executivo que dirige a empresa estava no exterior, mas sua casa foi revistada.

A Koza Ipek é proprietária das estações de TV oposicionistas Bugün e Kanal Turk e dos jornais "Bugün" e "Millet".

A operação na sede da empresa aconteceu horas depois de o jornal "Bugün" ter publicado fotos que a publicação afirma ser uma remessa clandestina, feita pelo governo turco, de material para militantes da facção Estado Islâmico na Síria. O material seria usado na fabricação de armas.

Adem Altan/AFP
Homem com o jornal turco 'Sozcu', onde se lê: 'Sozcu calado, Turquia calada
Homem com o jornal turco 'Sozcu', onde se lê: 'Sozcu calado, Turquia calada'

A agência Associated Press não conseguiu verificar a autenticidade das imagens publicadas. A Turquia nega veementemente as acusações de que tem ajudado a facção radical islâmica.

Kemal Kilicdaroglu, líder do principal partido de oposição, qualificou a operação policial como uma tentativa de amordaçar a dissidência.

"Não podemos falar de democracia em um país onde a mídia está sendo silenciada", disse Kilicdaroglu.

Um grupo de centenas de pessoas protestaram contra a busca da polícia gritando: "A imprensa livre não pode ser silenciada!"

O grupo Koza Ipek está ligado ao movimento Gulen, que o governo acusa de orquestrar um escândalo de corrupção em 2013 com o objetivo de derrubar o regime.


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