Folha de S. Paulo


União Europeia fará reunião de urgência sobre crise de refugiados

Após pedidos de França, Alemanha e Reino Unido, a União Europeia marcou uma reunião de urgência para debater a crise de refugiados em 14 de setembro em Bruxelas, na Bélgica.

O encontro terá ministros da Justiça e do Interior dos países que integram a UE. "O objetivo será avaliar a situação, as ações em curso e discutir novas iniciativas", disse Jean Asselborn, ministro da Imigração de Luxemburgo, país que exerce a presidência rotativa do bloco.

Neste fim de semana, ministros da Alemanha, França e Reino Unido fizeram um pedido conjunto por uma reunião de urgência para buscar medidas concretas para conter o crescimento da crise gerada pelo grande número de refugiados.

Thomas de Maizière, da Alemanha, Theresa May, do Reino Unido, e Bernard Cazeneuve, da França, falaram sobre a crise em encontros paralelos durante um reunião em Paris sobre segurança no transporte, assunto em destaque após passageiros evitarem umataque em um trem de alta velocidade que ia de Amsterdã a Paris.

Os ministros também pediram a criação de centros de recepção a refugiados na Grécia e na Itália, para registrar as pessoas que chegam, e a criação de uma lista de "países de origem segura", o que permitiria dar asilo de forma rápida a pessoas de certas nacionalidades.

Estima-se que 340 mil refugiados ultrapassaram as fronteiras da Europa desde o começo do ano, sendo 100 mil apenas em julho.

"A migração nestas quantidades é insustentável", escreveu May, ministra do interior do Reino Unido, em artigo no "Financial Times" neste domingo. "Ela pressiona a infraestrutura de transportes, moradia, escolas e hospitais."

A ministra defende que apenas pessoas com um emprego acertado antes da viagem poderiam entrar no Reino Unido. Segundo ela, quatro em cada dez migrantes que entraram no Reino Unido em 2014 não atendiam à esta condição.

Na segunda (31), a chanceler alemã Angela Merkel recebe o presidente espanhol Mariano Rajoy para um encontro de dois dias que analisará a questão do aumento de refugiados, entre outros assuntos.

A Espanha defende uma solução que inclua auxílio aos países de origem dos refugiados e também aos que são usados como rota de passagem.

Com expectativa de receber 800 mil pedidos de asilo neste ano, a Alemanha tem defendido a criação da lista de países, sob argumento de que isso liberaria recursos para ajudar pessoas que fogem da guerra.

"A Alemanha e alguns outros países são, de longe aqueles que recebem o maior número de refugiados", disse o porta-voz do governo Steffen Seibert, em entrevista coletiva. "Terá de haver uma distribuição mais justa dos refugiados, com mais solidariedade. Há 28 Estados membros [da UE]."

O primeiro-ministro francês Manuel Valls disse neste domingo que pessoas que "fogem da guerra, da perseguição e da tortura devem ser acolhidos". Ele pediu que as solicitações de asilo sejam processadas rapidamente.

"A Europa tem de parar de se emocionar e começar a se mexer", afirmou o presidente da Itália, Matteo Renzi, em entrevista ao jornal "Corriere della Sera" deste domingo. Ele defende a unificação das políticas de imigração do continente e que haja gerenciamento nos países de origem dos refugiados, para evitar as "viagens de morte".

Após a oração do Ângelus neste domingo, o papa Francisco lembrou a morte dos imigrantes que tentam chegar à Europa, como os 71 corpos encontrados asfixiados em um caminhão na Áustria, e pediu que todos os países cooperem com eficácia para impedir esses "massacres que ofendem a humanidade".

Crise migratória na Europa


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