Folha de S. Paulo


Clima será a principal pauta da visita de Merkel ao Brasil

O governo brasileiro deve aproveitar a visita da chanceler alemã, Angela Merkel, a Brasília nesta quinta (20) para reforçar o compromisso no combate a mudanças climáticas, mas enfatizando que as potências precisam ajudar os países menos desenvolvidos a cumprirem suas metas.

Merkel será recebida pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto e ficará menos de 24 horas no Brasil. Levará uma comitiva de sete ministros e cinco secretários de outras pastas.

O encontro faz parte do que a Alemanha classifica de relações bilaterais de "alto nível", ou seja, que são prioritárias para o seu governo.

Merkel tenta intensificar a campanha entre os países emergentes para evitar um fracasso na conferência do clima (COP21) em dezembro, em Paris. Ela e Dilma já encontraram-se em junho em Bruxelas depois da reunião do G7 em que a alemã conduziu o discurso das potências em reduzir o uso de combustíveis fósseis.

A chanceler deve ressaltar a importância do Brasil como ponte de diálogo entre os países ricos e os menos desenvolvidos em relação às metas a serem debatidas no fim do ano. Dilma, por sua vez, pretende reforçar o discurso de que as grandes forças têm de dar suporte para que todos consigam cumpri-las.

A previsão é que haja uma declaração sobre clima separadamente do comunicado conjunto em que as duas líderes vão focar na importância desta relação de "alvo nível" entre os países.

MEMORANDOS DE ENTENDIMENTO

Além disso, entre 10 e 12 memorandos de entendimento devem ser assinados pelos ministros de cada lado, envolvendo mobilidade urbana, troca de tecnologia, certificação de produtos, investimento no porto de Santos, entre outras coisas.

Não se espera nenhum grande acordo financeiro. Os memorandos somam cerca de US$ 500 milhões em projetos, valores considerados modestos pelo porte dos dois países.

"O objetivo deste encontro em Brasília é intensificar essa relação com a Alemanha em pontos de extrema importância internacionalmente", diz o embaixador Osvaldo Biato Júnior, diretor do Departamento de Europa do Ministério de Relações Exteriores.

Um desses temas é internet. Não há previsão de assinatura de algum documento sobre o assunto, mas uma ressalva de que os dois lados estão focados em avançar as discussões sobre o sistema de governança na web. O discurso de preocupação com a segurança online uniu os dois países depois Dilma e Merkel encenaram crises com o governo americano por causa de espionagem de seu serviços de inteligência.


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