Folha de S. Paulo


Jornalista brasileira detida no Equador diz ser tratada como presa política

Detida desde a noite de quinta-feira (13) no Equador, a acadêmica e jornalista Manuela Piqc Lavinas, 38, é mantida pelo governo do presidente Rafael Correa em um centro de detenção para pessoas com situação imigratória irregular.

Segundo contou à Folha na noite deste domingo (16), Manuela não pode sair de um quarto e tem acesso restrito aos seus advogados.

De acordo com a brasileira, o centro de detenção é um antigo hotel, onde estão imigrantes haitianos, espanhóis e argentinos em situação ilegal no Equador. Ela está sendo mantida sozinha e diz ser tratada como presa política.

Reprodução/Twitter/jaimeclown
A jornalista franco-brasileira Manuela Picq em imagem feia após sua detenção

Manuela será julgada nesta segunda-feira (17) por permanência irregular no país. Seu visto foi cassado na sexta-feira (14), após ela participar de uma manifestação contra o governo.

A acadêmica foi detida durante um protesto na última quinta (13). Ela e seu companheiro, o líder indígena Carlos Pérez Guartambel, foram agredidos por policiais, arrastados e retirados à força do protesto.

Manuela disse que naquela noite foi levada ao Ministério do Interior, mas, como estava muito machucada, foi encaminhada para um hospital da polícia. Ela conta que recebeu muitos golpes de cassetete na cabeça e no rosto e que até o momento não foi informada do que é acusada.

"Começaram a me interrogar e eu disse que era brasileira. Quando se deram conta de que eu era a companheira do Carlos, vi um brilho nos olhos deles, iam deportar a mulher do Carlos", diz ela, para quem a sua expulsão do país é uma vingança do governo contra o militante.

Desde então, Manuela disse que não teve acesso às suas coisas, nem às suas roupas.

O consulado brasileiro está lhe dando apoio, afirmou, mas não evitará seu julgamento e provável deportação.

"Não só os meus direitos constitucionais foram violados, como meu processo de defesa está sendo uma armadilha. Não espero que a audiência nesta segunda (17) seja algo juridicamente correto", afirmou.


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