Folha de S. Paulo


Sob cobrança de Fidel, secretário de Estado dos EUA vai a Havana

A bandeira dos EUA tremulará nesta sexta (14) na embaixada do país em Cuba pela primeira vez desde 1961, em mais um momento marcante da reaproximação entre Washington e Havana.

Como era esperado de uma relação com cinco décadas de conflito, a cerimônia será cercada de controvérsias, a começar pela decisão dos EUA de não convidar dissidentes cubanos para o evento. Também não faltaram trocas de farpas.

O ex-ditador cubano Fidel Castro, que nesta quinta (13) completou 89 anos, publicou um artigo no diário estatal Granma cobrando compensações pelo embargo econômico dos EUA a seu país.

Efe
Os presidentes Maduro (Venezuela) e Evo (Bolívia) foram a Cuba comemorar o aniversário de 89 anos de Fidel
Nicolás Maduro e Evo Morales foram a Cuba para comemorar o aniversário de 89 anos de Fidel Castro

Segundo Fidel, que comemorou o aniversário em Havana com os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e da Venezuela, Nicolás Maduro, a indenização é de "milhões de dólares". A Casa Branca não havia se manifestado até a conclusão desta edição.

Apesar do reatamento das relações, anunciado em dezembro, o embargo dos EUA continua em vigor.

Embora as embaixadas tenham sido reabertas no dia 20 de julho, a representação dos EUA em Havana deixou sua carga maior de simbolismo para esta sexta, com a cerimônia de hasteamento da bandeira sob o comando do secretário de Estado, John Kerry.

Para marcar o momento histórico os três fuzileiros navais que baixaram a bandeira em 1961, quando as relações foram rompidas, farão o hasteamento agora.

Apesar da inimizade surgida com a Guerra Fria, eles guardam boas memórias. "As pessoas não queriam que fôssemos embora", relembrou James Tracy, 75, um dos fuzileiros, ao "New York Times".

A diplomacia americana justificou a decisão de não convidar dissidentes afirmando que o espaço na embaixada é limitado, mas enfatizou que o secretário de Estado, John Kerry, se reunirá com opositores. Será a primeira vez que um chefe da diplomacia americana pisa em solo cubano em 60 anos.

Cuba

Em resposta às críticas da oposição republicana e de grupos civis à decisão de deixar os dissidentes de fora, Kerry afirmou que os direitos humanos estarão no topo de sua agenda na conversa que terá com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez.

O secretário disse que se reunirá com opositores após a cerimônia, para "trocar ideias". Também está prevista uma caminhada de Kerry pela parte antiga de Havana, onde ele pretende conversar com a população.

Com o apoio de cubanos radicados nos EUA, a oposição republicana tem cobrado do governo que não alivie a pressão sobre Havana nas controvérsias ainda existentes. Uma delas é a recusa de Cuba em aceitar o retorno de criminosos condenados pela Justiça americana e com ordem de deportação.


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