Folha de S. Paulo


EUA não devem convidar dissidentes para cerimônia em Cuba, diz agência

O governo dos Estados Unidos não planeja convidar dissidentes cubanos para a visita do secretário de Estado, John Kerry, a Havana, informou nesta quarta-feira (12) a agência de notícias Associated Press.

A viagem de Kerry, na próxima sexta-feira (14), selará a reabertura da embaixada americana em Cuba, oficialmente funcionando desde 20 de julho. A medida foi um dos marcos da retomada das relações entre os dois países, iniciada em dezembro.

Segundo membros do governo americano, Kerry deverá se encontrar com os ativistas na casa do chefe da missão dos Estados Unidos em Havana. A reunião deverá acontecer à tarde, depois do evento na embaixada.

Os integrantes do governo afirmaram à Associated Press que se evitou convidar os dissidentes à cerimônia em Havana para não prejudicar a retomada da relação com o regime do ditador Raúl Castro.

Por outro lado, interpretam que, se Kerry deixasse a capital cubana sem se reunir com a oposição, poderia dificultar a relação com os dissidentes e irritação dentro dos Estados Unidos.

Esta será a primeira visita de um secretário de Estado americano a Cuba desde 1945. Em 20 de julho, Kerry recebeu o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, em Washington horas depois da inauguração da embaixada da ilha.

A intenção é que esse encontro se repita no prédio da Chancelaria cubana em Havana, de acordo com os membros do Departamento de Estado. Ainda não se sabe se Kerry se encontrará com o ditador Raúl Castro.

Cuba

DISSIDENTES

Os dissidentes disseram não ter sido convidados. "Não seria uma surpresa se os diplomatas americanos priorizarem os contatos com o governo cubano", disse Elizardo Sánchez, líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos.

O marido da blogueira Yoáni Sánchez, Reinaldo Escobar, disse que ela também não foi chamada. Para o chefe do grupo Estado de SATS, Antonio Rodiles, o certo é que eles fossem convidados e ouvidos pelos americanos.

Caso confirmada, a exclusão dos dissidentes do evento na embaixada provocará a irritação dos republicanos, contrários a qualquer relação com os Castro. Dois dos presidenciáveis do partido, Ted Cruz e Marco Rubio, são de origem cubana.

Rubio disse inclusive que os dissidentes, como Rodiles, deveriam ser convidados. "Eles e não os Castro são os legítimos representantes do povo cubano", disse o senador pela Flórida.

O não convite também seria mais uma demonstração da cautela de Barack Obama para evitar que um de seus legados na política externa fracasse.


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