Folha de S. Paulo


Se partido não o escolher, Trump ameaça concorrer como independente

No primeiro debate entre pré-candidatos do Partido Republicano à Presidência dos EUA, o bilionário Donald Trump não decepcionou quem esperava declarações polêmicas, repetindo que poderá disputar a Casa Branca numa sigla independente.

Mantendo a língua afiada que se tornou marca registrada neste início de campanha, Trump ocupou o centro do palco, posição conquistada por liderar as pesquisas de opinião.

O magnata não se esquivou de falar da acusação que fez há semanas ao governo mexicano, de mandar estupradores e assassinos entrarem ilegalmente nos EUA.

"O grande problema deste país é ser politicamente correto. Não tenho tempo para isso", disse o ex-apresentador de TV, exibindo surpreendente nervosismo para alguém habituado às câmeras. "O governo mexicano é esperto, e nossos líderes são estúpidos. Temos que construir um muro na fronteira".

Trump causou polêmica logo na abertura do debate: foi o único entre os dez pré-candidatos que se negou a prometer que apoiará o candidato republicano caso ele não seja o escolhido.

Jeb Bush, governador da Flórida, em segundo lugar nas pesquisas, rejeitou a insinuação de que estaria pegando carona no sobrenome –é filho e irmão de ex-presidentes. "Na Flórida sou conhecido como Jeb", afirmou.

Questionado sobre guerra no Iraque, a ação mais criticada da Presidência de seu irmão, George W. Bush, não se esquivou. "Sabendo o que sabemos hoje, que foi um erro".

Em duas horas de debate, realizado pela rede de TV Fox, os dez candidatos republicanos mais bem colocados (entre os 17 postulantes do partido) foram questionados sobre os assuntos mais quentes da atualidade, da economia ao combate ao grupo terrorista Estado Islâmico.

Mas poucos apresentaram propostas claras, preferindo frases feitas e ataques entre si ou ao Partido Democrata, do presidente Barack Obama.

Um dos alvos principais foi Hillary Clinton, considerada a favorita a obter a nomeação como candidata presidencial democrata.

Em clima de reality show, numa arena lotada na cidade de Cleveland (Ohio), o debate transcorreu no ritmo de aplausos, vaias e risos da plateia a cada resposta dos pré-candidatos.

Ao final do debate, não havia um vencedor claro, mas um dos destaques foi o governador de Ohio, John Kasich, que foi um dos mais seguros e convincentes, parecendo ter se beneficiado pelo fato de estar em casa.

Antes do evento principal, a Fox realizou uma espécie de "série B" do debate, com os sete candidatos republicanos mais mal colocados nas pesquisas. Para a maioria dos analistas, quem levou a melhor foi a única mulher na disputa republicana, Carly Fiorina, ex-presidente-executiva da Hewlet-Packard.

Colaborou THAIS BILENKY, de Nova York


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