Folha de S. Paulo


Morre aos 88 o sobrevivente do holocausto Aleksander Laks

Morreu nesta terça-feira (21) no Rio um dos sobreviventes do holocausto, o polonês naturalizado brasileiro Aleksander Henryk Laks, 88, segundo informações da Conib (Confederação Israelita do Brasil).

Laks sobreviveu por seis anos em campos de concentração até ser libertado pelas tropas aliadas do campo de Auschwitz.

Reprodução/Facebook/Aleksander Henryk Laks
Aleksander Henryk Laks, sobrevivente do Holocausto, morreu nesta terça-feira (21)
Aleksander Henryk Laks, sobrevivente do Holocausto, morreu nesta terça-feira (21)

A história de Laks começou quando o exército nazista invadiu a Polônia, em setembro de 1939. A partir daí, sua vida e de sua família transformaram-se numa luta diária pela sobrevivência.

Com apenas 12 anos, ele deparou-se com amigos e parentes amarrados ou enforcados no alto de postes da sua cidade natal, Lodz, e viu soldados alemães arrancarem as barbas de judeus com as mãos, deixando suas faces em carne viva.

Este foi apenas o começo da série de crueldades impingidas aos judeus. Uma delas foi a fome, que matou 5.000 pessoas no primeiro mês de invasão. Os prisioneiros, com parasitas por todo o corpo, tinham seus pelos arrancados, suas cabeças raspadas e passavam por banhos com produtos químicos.

Dos 600 prisioneiros que partiram de Auschwitz, apenas 50 sobreviveram. E novamente Laks estava entre eles. A redenção veio junto com a chegada do exército aliado. Ele foi salvo pelas tropas que interceptaram o trem que o levava de um campo de concentração a outro.

Em 1948, ele veio ao Brasil para reencontrar uma tia que havia mudado para o país antes da guerra. No país, ficou encantando com as pessoas se cumprimentando nas ruas, livres e sorrindo, o que para ele era um contraste com tudo o que tinha conhecido e vivido. " Me apaixonei pelo Brasil", disse.

O polonês se naturalizou brasileiro e foi presidente da Associação Brasileira dos Israelitas Sobreviventes do Holocausto. Ele também ministrava palestras sobre a Segunda Guerra Mundial e foi consultor histórico da minissérie da TV Globo "Aquarela do Brasil".

O velório acontecerá nesta quarta-feira (22), das 8h às 13h, no Chevra Kadisha, localizado na rua Barão de Iguatemi, 306, na praça da Bandeira, no Rio.

LIVRO

Laks relatou os sofrimentos inimagináveis aos quais foi submetido no livro "O Sobrevivente -Memórias de um Brasileiro que Escapou de Auschwitz", escrito com a colaboração da escritora Tova Sender.

"Ninguém, em cem anos, pode sentir o que eu senti em seis", disse. O autor contou que um dos objetivos da obra era alertar as pessoas dos horrores da Segunda Guerra. "Ao falar da morte, eu celebro a vida e prego a solidariedade".

Laks dizia que acreditava ter sobrevivido para poder contar o que aconteceu e alertar as pessoas "para que isso nunca mais ocorra".


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