Folha de S. Paulo


Larreta vence opositor com ligeira vantagem em Buenos Aires

O principal candidato da oposição argentina sofreu um revés na eleição da cidade de Buenos Aires, neste domingo (19).

Em resultado surpreendentemente apertado, Horácio Rodríguez Larreta (PRO) superou com uma pequena vantagem o segundo colocado, Martín Lousteau, da coligação ECO. Com um placar de 51% a 48%, Larreta foi eleito chefe de governo da capital.

Enrique Marcarian/Reuters
Horacio Rodriguez Larreta, do partido de oposição PRO, com sua mulher
Horacio Rodriguez Larreta, do partido de oposição PRO, com sua mulher

A vitória fácil, imaginada por políticos e analistas, não se concretizou e colocou em situação difícil o principal candidato da oposição nas eleições presidenciais: Maurício Macri.

Padrinho político de Larreta e atual chefe de governo da capital, Macri tinha que demonstrar força política na cidade de Buenos Aires —seu mais importante território— com o objetivo de ser competitivo nas eleições nacionais.

Assim, não bastaria ganhar, defenderam analistas políticos como Rosendo Fraga, da consultoria Nueva Mayoria: era preciso superar o adversário com mais de dez pontos de vantagem para turbinar sua candidatura presidencial. O que não aconteceu.

Faltam apenas 20 dias para a primeira etapa da eleição nacional e esse resultado pode acabar se revertendo em um problema para a oposição. Embora seja o quarto colégio eleitoral do país, com cerca de 2,5 milhões de eleitores, Buenos Aires é a principal vitrine da política do país.

Aliados na frente Cambiemos [Mudemos] na disputa presidencial, o PRO enfrentou a União Cívica Radical e Coalizão Cívica na capital Buenos Aires. Parece ter provado do próprio remédio [a força da mudança] dentro de seu próprio território.

Defensora da mudança da gestão, tanto em âmbito nacional quanto na cidade, a condutora de trem Mariana Andrada, 45, disse que votou por Lousteau para promover uma alteração nos rumos da política na cidade, governada há oito anos pelo PRO.

"A cidade está muito cara, os impostos aumentaram, e não estou satisfeita com a administração. Quero uma mudança no governo federal mas também na capital", disse ela, declarando-se indecisa sobre em quem votar na eleição federal.

A disputa na cidade também abriu divisões dentro da oposição.

Nas horas seguintes ao primeiro turno, Lousteau denunciou que o PRO patrocinou uma campanha pela sua desistência, com o objetivo de preservar a eleição nacional, o que foi negado por aliados de Macri.

O resultado pouco favorável ao candidato em Buenos Aires poderá gerar tensão dentro de uma sua própria aliança.

Políticos próximos aos radicais, antes da eleição, já apontavam que, embora mais bem colocado nas pesquisas, Macri e o seu PRO não conquistaram nenhuma eleição regional das nove já disputadas, enquanto os radicais levaram Mendoza e os socialistas, Santa Fé".


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