O Palácio de Buckingham criticou neste sábado (18) a publicação de imagens da rainha Elizabeth 2ª, na época com seis ou sete anos, fazendo a saudação nazista com a família. O filme caseiro é de 1933, ano em que o ditador nazista, Adolf Hitler, chegou ao poder na Alemanha.
As imagens foram divulgadas pelo tabloide "The Sun". Na sequência de 17 segundos, a futura rainha está nos jardins do castelo de Balmoral, residência real onde ela se refugiaria durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Ela brinca com a irmã, Margaret, na época com três anos, ao lado da mãe Elizabeth (a Rainha Mãe) e do tio paterno Edward, que se tornaria rei em 1936 e é conhecido por sua simpatia pelo nazismo.
A primeira a fazer o gesto é a futura Rainha Mãe, seguida por suas filhas Elizabeth e Margaret e, por último, seu cunhado Edward.
"É decepcionante que esse filme, feito há oito décadas e aparentemente tirado do arquivo pessoal da família de sua majestade, tenha sido obtido e explorado dessa maneira", diz o palácio em nota.
Sob condição de anonimato, uma autoridade do palácio acrescentou que as imagens deveriam ser analisadas no contexto da época.
Sobre o vazamento, o "The Sun" afirma que as cópias das imagens foram feitas há vários anos e que recebeu uma delas de uma pessoa "que acredita que seu conteúdo é de grande interesse e de importância histórica".
O tabloide afirma, em editorial, que quis dar informações sobre os "preconceitos deturpados" de Edward 8º.
Em 1936, 11 meses após assumir o trono, ele se tornou o primeiro soberano a renunciar voluntariamente à coroa britânica. Ele dá lugar a George 6º, pai da rainha Elizabeth 2ª, que é retratado no filme "O Discurso do Rei".
Edward renunciou para se casar com a socialite americana Wallis Simpson, já que a união não era aceita pela família real e pela Igreja Anglicana porque a noiva havia se separado duas vezes.
MAIS CRÍTICAS
Em outubro de 1937, Edward visitou a Alemanha também a contragosto da família real. O britânico reuniu-se com Hitler e jantou com Rudolf Hess, segundo na hierarquia nazista.
A visita aconteceu poucos meses depois do bombardeio alemão a Guernica durante a Guerra Civil Espanhola e de muitos judeus terem sido proibidos de exercer seus ofícios na Alemanha.
"Edward e aristocratas antissemitas estavam apavorados com a possibilidade de que uma sangrenta revolução comunista lhes tirasse o poder e os privilégios. O fascismo parecia a resposta", escreveu o "The Sun".
Em 1941, a revista norte-americana "Liberty" publicou uma entrevista com Edward, que governava as Bahamas, na qual ele defende um acordo de paz com a Alemanha e classifica Hitler de "líder certo e lógico para o povo alemão". Em seguida, ele disse ter sido mal interpretado.
Edward só deu demonstrações públicas de que mudou sua opinião sobre Hitler em 1970, em carta ao amigo Patrick Balfour, o lorde Kinross. "Eu nunca pensei que Hitler fosse um mau sujeito."