Folha de S. Paulo


Câmara do Japão revisa Constituição para enviar tropas ao exterior

Sob protestos da oposição, a Câmara Baixa do Parlamento do Japão aprovou nesta quinta-feira (16) um bloco de leis que modifica a política de Defesa do país, em vigor desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de permitir o envio de tropas ao exterior.

Impulsionados pelo primeiro-ministro Shinzo Abe, os textos reinterpretam a Constituição pacifista japonesa, em vigor desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. O projeto prevê o envio de tropas ao exterior a fim de apoiar países aliados, principalmente os Estados Unidos.

Yoshikazu Tsuno-15.jul.2015/AFP
Manifestantes protestam em Tóquio contra leis de segurança impulsionadas pelo governo japonês
Manifestantes protestam em Tóquio contra leis de segurança impulsionadas pelo governo japonês

"A situação da segurança ao redor do Japão é cada vez mais grave", disse Abe após a votação, em uma referência à China. "Estas leis são necessárias para proteger a vida dos japoneses e prevenir uma guerra antes que ela exploda", acrescentou.

A medida segue, agora, para votação na Câmara Alta do Parlamento. Caso seja recusado ou não seja votado em até 60 dias, o projeto retorna à Câmara Baixa, onde o partido de Abe tem a maioria necessária para aprová-lo.

Após terminarem seus discursos contra a aprovação da medida, os parlamentares da oposição deixaram o plenário, boicotando a votação.

Durante a noite, milhares de pessoas se reuniram próximo ao Parlamento, protestando contra as leis de segurança.

Pesquisas de opinião demonstram que cerca de 80% dos japoneses não veem a medida com bons olhos, e a maioria considera que ela fere a Constituição do país.

Embora a Constituição do Japão autorize o uso da força militar somente em situações em que haja risco à segurança nacional, tropas do país com fins humanitários foram mantidas no sul do Iraque entre 2004 e 2006.

Para legalizar esta operação, o governo do então premiê Junichiro Koizumi aprovou em dezembro de 2003 uma lei sobre o envio de tropas ao Iraque. Na época, a medida também sofreu resistência da oposição e da opinião pública.

Editoria de Arte/Folhapress

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