Folha de S. Paulo


Opositora venezuelana diz ter sido impedida de concorrer a cargo público

A ex-deputada opositora venezuelana María Corina Machado, cassada do cargo após ter sido a parlamentar mais votada na eleição de 2010 na Venezuela, disse ter recebido nesta terça-feira notificação da Justiça que a impede de concorrer a cargos públicos pelos próximos doze meses.

A decisão de inabilitar Corina aparenta ser uma manobra das autoridades para anular sua candidatura na eleição parlamentar marcada para 6 de dezembro, na qual ela esperava repetir o bom desempenho do pleito anterior.

A notificação, divulgada na conta da ex-deputada no Twitter, é assinada pela Controladoria Geral da República, órgão supostamente independente encarregado de zelar pela transparência do patrimônio público venezuelano.

Boris Vergara/Xinhua
María Corina (à esq.) com Mitzy, mulher do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma
María Corina (à esq.) com Mitzy, mulher do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma

O texto diz que Corina poderá recorrer da decisão, mas não explica as razões da inabilitação.

"Atuam como os ditadores que são; que se preparem, nós atuamos como a maioria que somos", escreveu a deputada cassada no Twitter, atribuindo a culpa ao governo do presidente socialista Nicolás Maduro.

Tida como porta-bandeira da oposição mais radical, a ex-deputada já é formalmente investigada, desde o ano passado, por suposta participação em um plano para assassinar Maduro.

O Ministério Público emitiu ordem de prisão contra seis aliados de Corina, que estão foragidos no exterior.

Ela nega as acusações e se diz vítima de perseguição política.

DESTITUIÇÃO

Inimiga histórica do esquerdista Hugo Chávez, que governou até morrer, em 2013, e de Maduro, seu sucessor, Corina foi destituída do cargo de deputada no início do ano passado, por ter aceitado participar de uma reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos) como representante do Panamá, que buscava lhe dar apoio simbólico.

Semanas após ser cassada, a ex-deputada foi acusada pelo governo de ser mentora dos violentos protestos estudantis que estremeceram a Venezuela no início de 2014.

Corina exige a renúncia de Maduro, a quem acusa de ser responsável pelo desabastecimento, pela inflação e pelos altos índices de violência no país.

O governo a vê como líder golpista a serviço dos EUA.


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