Folha de S. Paulo


Acordo nuclear deve manter baixos os preços do petróleo, dizem analistas

O efeito mais presumível do acordo de potências globais com o Irã no mercado é a manutenção de preços baixos do petróleo por um período mais longo do que o inicialmente previsto, o que impõe um desafio expressivo para países exportadores como o Brasil.

Analistas ouvidos pela Folha rechaçam queda ainda maior do valor do barril, que caiu 10% desde o início do mês e estava na casa dos US$ 50 (R$ 157) na terça-feira (14).

A entrada do Irã no mercado global não é esperada para antes de setembro ou depois. O país possui a segunda maior reserva de gás natural do mundo e a quarta de óleo em estado cru.

O principal destino de sua produção será a Ásia, com dois terços do petróleo, afirma Matthew Kuhl, da consultoria KBC. O último terço será comprado pela Europa, avalia.

Com uma oferta que já é superior à demanda, haverá uma pressão mundial pela queda da produção de petróleo, afirma. A longo prazo, a consultoria prevê o reaquecimento da demanda, sobretudo em países em desenvolvimento.

"Brasil, Oriente Médio e Rússia, onde a produção tem altos custos, serão severamente desafiados se quiserem continuarem com seus investimentos", disse Kuhl.

O pesquisador Francis O'Sullivan, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), afirma que a indústria iraniana precisa de um prazo para receber investimentos, se modernizar e voltar ao mercado internacional.

"Demorará algum tempo até que encontre o seu lugar", afirmou. "Mas não acredito que as implicações serão tão dramáticas quanto as pessoas estão imaginando."

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