Folha de S. Paulo


Netanyahu diz que acordo nuclear com o Irã é erro de proporções históricas

Ahikam Seri/Reuters
Netanyahu chama acordo com o Irã de 'erro histórico' em depoimento
Netanyahu chama acordo com o Irã de 'erro histórico' em depoimento

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse nesta terça-feira (14) que o mundo "será um lugar muito mais perigoso" depois da aprovação do acordo sobre o programa nuclear do Irã.

"O mundo será um lugar muito mais perigoso. O acordo dá todo o incentivo para que o Irã não mude. Na próxima década, ele premiará o regime terrorista do país com centenas de milhões de dólares", disse, em discurso no Parlamento.

Netanyahu é contra qualquer acordo com a República Islâmica por considerar que o país produzirá uma bomba atômica para atacar o Estado judaico. Por isso, faz intenso lobby internacional e dentro dos EUA para minar qualquer pacto.

Como exemplo de como o acordo para ele era ruim, o primeiro-ministro fez referência a um evento com a participação do presidente do Irã, Hasan Rowhani, na sexta (10). Nele, manifestantes gritavam "morte à América" e "morte a Israel".

"Israel não está ligado a este acordo porque o Irã continua a buscar nossa destruição. Nós vamos sempre nos defender."

Netanyahu ainda considera que, com o fim das sanções, o Irã poderá financiar seus aliados no Oriente Médio, como o grupo radical libanês Hizbullah. "Isso significa que o apoio do Irã ao terrorismo e à subversão irão aumentar".

Ainda no discurso, ele confirmou que fará uma reunião com seu gabinete de segurança para discutir a reação ao pacto. Mais cedo, ele havia considerado a decisão do Irã e das potências "um erro de proporções históricas".

"O Irã obterá um caminho direto para armas nucleares. Muitas das restrições que deveriam impedir que isso acontecesse serão derrubadas", disse Netanyahu no encontro com o chanceler da Holanda, Bert Koenders, em Jerusalém.

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Segundo a Casa Branca, o presidente americano, Barack Obama, ligou para Netanyahu e disse que o acordo não atenua a preocupação dos EUA com o apoio do Irã ao terrorismo ou suas ameaças a Israel.

Na conversa com o premiê, Obama afirmou ainda que o acordo evitará a obtenção de armas nucleares pelos iranianos, o que é de interesse tanto dos americanos quanto dos israelenses.

REPERCUSSÃO

Contrariando as previsões pessimistas do líder israelense, a chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que o acordo representa "um sinal de esperança para todo o mundo".

"É uma decisão que pode abrir o caminho para um novo capítulo nas relações internacionais", afirmou Mogherini em Viena, onde ocorreram as negociações.

Por sua vez, o chanceler do Reino Unido, Philip Hammond, disse esperar que o acordo nuclear represente um avanço relações do Irã com seus vizinhos e com a comunidade internacional.

Relação do Irã no mundo

"Tendo alcançado este importante acordo, nosso foco agora será em sua implementação rápida e integral para garantir que uma arma nuclear se mantenha além do alcance do Irã", afirmou Hammond em um comunicado.

O ditador da Síria, Bashar al-Assad, parabenizou o Irã, seu aliado regional, pelo acordo nuclear, informou a agência oficial síria Sana.

Sob o acordo, sanções impostas pelos EUA, pela União Europeia e pelas Nações Unidas serão suspensas em troca de o Irã limitar a longo prazo o seu programa nuclear para que não tenha capacidade de construir uma bomba atômica.

Participaram das negociações representantes do Irã e do grupo chamado P5+1 –Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha.

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PRINCIPAIS PONTOS DO ACORDO NUCLEAR COM O IRÃCompromissos assumidos por cada um

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