Folha de S. Paulo


Em discurso aplaudido, papa diz que corrupção é a gangrena do povo

Em um discurso com forte tom político, no Paraguai, o papa Francisco criticou as ideologias e afirmou que os pobres não devem ser usados para "lavar nossas culpas".

"As ideologias têm uma relação enferma com o povo, não assumem o povo. Por isso, as ideologias do século passado terminaram em ditaduras. Elas pensam pelo povo, não deixam o povo pensar", criticou Francisco. "Tudo para o povo, nada com o povo, assim são as ideologias".

Falando de maneira improvisada a líderes comunitários, sindicalistas e religiosos no Estádio León Condou, em Assunção, o papa criticou os que, segundo ele, usam os pobres.

"A verdadeira preocupação pelos pobres exige estar disposto a aprender com eles. Os pobres têm muito a ensinar em termos de humanidade, solidariedade e sacrifício", afirmou Francisco. "Eles não devem ser usados para lavar as nossas culpas".

No Paraguai, o papa voltou a criticar o capitalismo, repetindo a mensagem que já havia emitido quando passou pela Bolívia.

Segundo o pontífice, os países não devem ceder a "modelos econômicos que sacrificam vidas humanas no altar do dinheiro e da rentabilidade".

Outro alvo de Francisco foi a corrupção, que em suas palavras é a "gangrena do povo". O papa evitou tratar do assunto como um problema particular do Paraguai - o presidente Horácio Cartes estava na plateia.

"Isso se dá em todos os lugares do mundo", ponderou Francisco. "Nenhum político pode cumprir seu trabalho se está sendo chantageado por atitudes de corrupção".


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