Em breve visita a La Paz, o papa Francisco defendeu o diálogo "franco" entre Bolívia e Chile em torno do acesso ao mar e elogiou o governo de Evo Morales.
Durante um discurso na catedral da capital boliviana, Francisco defendeu "a construção de pontes no lugar de muros" e, sem mencionar o Chile, afirmou: "Estou pensando no mar. Diálogo, diálogo é indispensável".
Cris Bouroncle/AFP | ||
Papa acena em La Paz ao lado do presidente da Bolívia, Evo Morales, e do vice, García Linera (à esq.) |
A Bolívia perdeu o acesso ao mar para o Chile durante a Guerra do Pacífico (1879-1883). Recentemente, Evo acionou o Tribunal de Haia para tentar reaver o "acesso soberano" à costa.
Antes, em discurso no aeroporto, Francisco elogiou o governo Evo: "A Bolívia está dando passos importantes para incluir amplos setores na vida econômica, social e política do país".
Já o líder boliviano citou na recepção sua principal bandeira de política externa: "Bem-vindo a uma parte da pátria grande que foi mutilada no seu direito de acesso ao mar devido a uma invasão".
Evo recebeu Francisco com um abraço na pista do aeroporto Em rápido pronunciamento, o presidente disse que, "em tempos de mudança, quem trai os pobres trai o papa". Pouco mais tarde, tiveram um encontro privado.
Por causa da altitude, a visita de Francisco, 78, a La Paz durou cerca de quatro horas. Por volta das 21h locais, o papa embarcou para Santa Cruz de la Sierra, onde permanece até esta sexta-feira (10).
A troca de afagos entre Evo Morales e Francisco deixou em segundo plano as divergências entre ambos.
Semanas após lançar uma encíclica que prega energias menos poluentes e a preservação ambiental, o papa encontrou um presidente que tem acelerado a exploração de recursos naturais, principalmente gás e petróleo.
Na terça (7), ainda no Equador, primeira parada da viagem, Francisco falou da obrigação dos governos de preservar a natureza em projetos de exploração econômica.
EVO X IGREJA
Outra missão difícil de Francisco na Bolívia será melhorar as relações entre a igreja e Evo. Em seu discurso de boas-vindas ao pontífice, o presidente afirmou que a Igreja Católica no passado estava ao lado dos opressores dos bolivianos, mas que agora "as coisas são diferentes" com Francisco. Logo depois, o papa disse que o catolicismo tem contribuído para o desenvolvimento da Bolívia.
Em 2009, Evo disse que a "Igreja Católica é um símbolo do colonialismo europeu e, portanto, deve desaparecer da Bolívia".
Um ano depois, porém, em visita a Bento 16, o presidente afirmou que se considerava católico, mas criticou a cúpula da igreja na Bolívia, principalmente o cardeal Julio Terrazas, visto como aliado da oposição, mas tido como próximo de Francisco.
Com agências de notícias