Folha de S. Paulo


Francisco defende união e inclusão no Equador afetado por protestos

O papa Francisco defendeu nesta terça-feira (7) o uso da evangelização como um instrumento de união entre as pessoas, durante missa para 900 mil pessoas no Parque Bicentenário de Quito, no Equador.

Esta é a segunda missa no país e o último evento antes de Francisco seguir para a Bolívia. A chegada do pontífice fez com que se acalmassem os ânimos no país, que passou por quatro semanas de protestos contra o presidente Rafael Correa.

Em sua homilia, Francisco propôs a evangelização como uma forma de "união de aspirações, sensibilidades, ilusões e até de certas utopias". Ele ainda defendeu a necessidade de lutar pela inclusão e pela comunicação e o diálogo.

"Seria superficial pensar que a divisão e o ódio afetam só as tensões entre os países ou os grupos sociais. Na verdade, são a manifestação deste difuso individualismo que nos separa e nos confronta, da ferida do pecado no coração das pessoas."

Para o papa, é necessário trabalhar para conseguir a paz. "É impensável que brilhe a unidade se a mundanidade espiritual nos faz entrar em guerra entre nós, em uma busca estéril de poder, prestígio, prazer ou segurança econômica."

Nesse sentido, Francisco citou como exemplo os processos de independência da América Espanhola. "A história nos conta que aquele grito de liberdade brandido há 200 anos só foi contundente quando deixamos de lado os personalismos."

BOMBEIRO

Durante a visita, Francisco tentou diminuir a tensão provocada pelos protestos. Na noite de segunda (6) em Quito, ele pediu em sua bênção que não haja diferenças entre os equatorianos e que se lute pela inclusão.

Logo depois, reuniu-se com Correa, em uma conversa cujo conteúdo não foi revelado. Apesar de o último protesto oficial da oposição ter sido na última quinta (2), ouviu-se o grito de "Fora Correa" durante a missa em Guayaquil na segunda (6).

A oposição critica o presidente por querer impor impostos às grandes fortunas e à herança. Para empresários e a classe média, os impostos são um excesso autoritário do presidente. Já sindicalistas consideram que as taxas dificultarão a geração de empregos.

Antes da missa desta terça, Francisco se encontrou com os bispos equatorianos em um centro de convenções dentro do Parque Bicentenário. Depois, percorreu o parque com o papamóvel, acenando para a multidão que o esperava.

Os milhares de visitantes enfrentaram o frio e a chuva da madrugada para conseguir os melhores lugares. De acordo com Rafael Correa, mais de 100 mil pessoas dormiram no parque a espera de Francisco.

O pontífice ainda visitará um asilo e o Santuário de Nossa Senhora de El Quinche, em Quito, antes de seguir para La Paz, na Bolívia, o segundo país a ser visitado nesta turnê pela América Latina.


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