Folha de S. Paulo


Eleição envolverá as duas famílias mais poderosas da política dos EUA

As duas famílias mais poderosas da política americana pareciam imbatíveis no início deste ano na corrida pela sucessão do presidente Barack Obama.

Que político republicano ou democrata, afinal, teria coragem (e orçamento) para competir contra um Bush ou uma Clinton na eleição presidencial do ano que vem?

Mas os dois clãs vivem cenários opostos.

A ex-secretária de Estado e ex-primeira-dama Hillary Clinton praticamente compete sozinha em seu partido e lidera as pesquisas de intenção de voto entre os eleitores democratas, com 57%.

Figurões democratas esperam o "coroamento" da candidata. Só o senador socialista por Vermont Bernie Sanders parece concorrer a sério contra ela, mas como azarão (40 pontos atrás de Hillary nas mesmas pesquisas).

Já no campo republicano, até esta terça (16), 12 pessoas apresentaram sua candidatura às primárias que escolherão o rival de Clinton.

Jeb Bush, ex-governador da Flórida, irmão e filho de ex-presidentes, tinha 21% das intenções de voto entre os republicanos em março, em pesquisa da rede de TV ABC.

O número despencou para 10% neste mês, virtualmente empatado com o do senador pela Flórida Marco Rubio e com o do governador de Wisconsin, Scott Walker.

Em um sinal claro de que o sobrenome Bush não espanta a concorrência, o número de pré-candidatos republicanos deve chegar a 20 –o nome da família tem sido tratado como problema pela própria campanha e foi excluído até do logotipo oficial, que diz apenas "Jeb!".

"Seu irmão governou com uma guerra impopular e um colapso econômico. Muitos republicanos acham que concorrer com Jeb anula a acusação de que os democratas não se renovaram e continuam com os Clinton", escreve o colunista político do "Washington Post" Dana Milbank.

Em seu primeiro grande comício de campanha, no sábado, em Nova York, Hillary Clinton abraçou o marido no palco e falou de sua gestão.

No lançamento de sua candidatura, na segunda (15), em Miami, Jeb passou quase todo o discurso sem citar o irmão e o pai ex-presidentes. Ainda declarou que "nenhum de nós merece o emprego [de presidente] por causa do currículo, do partido, do tempo de casa ou da família".

"Não é a vez de ninguém, é um teste para todos e está totalmente em aberto."

SEM RENOVAÇÃO

Nenhum dos dois pré-candidatos ignora a falta de renovação que seus nomes representam.

"Não sou a candidata mais jovem do grupo, mas serei a mais jovem mulher presidente dos Estados Unidos", disse Hillary, 67, aludindo ao fato de nunca uma mulher ter governado o país.

Jeb também tentou se mostrar diferente. "Não serei outro presidente entre as elites mimadas de Washington", discursou. "Vou mudar a cultura da nossa capital."

Na campanha, ele deve reforçar a sua imagem de alguém de "fora de Washington". Jeb deixou o Texas ainda adolescente para fazer intercâmbio no México, quando conheceu a mulher, Columba, e trabalhou três anos na Venezuela.

Seu casamento não foi imediatamente aprovado pela família. Seu pai, o ex-presidente George H. W. Bush, chamou uma vez os netos de "marronzinhos". Jeb radicou-se na Flórida, onde foi governador duas vezes, mas seu nome nunca se tornou conhecido nacionalmente.

"Para Hillary, o adversário ideal seria Jeb, pois ambos teriam que comparar a performance das famílias na Casa Branca, e os Clinton vencem os Bush facilmente", disse à rede CNN Dan Pfeiffer, ex-marqueteiro de Obama.

"Bater Marco Rubio, uma novidade em todos os sentidos, será mais difícil."

Editoria de Arte/Folhapress

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