Folha de S. Paulo


Depois de pai e irmão, Jeb Bush entra na corrida pela Casa Branca

Depois de uma pré-campanha acidentada, em que teve dificuldades de responder pelo legado do irmão ex-presidente, Jeb Bush, 62, anunciou nesta segunda (15) sua candidatura às primárias presidenciais do Partido Republicano.

No discurso de lançamento de sua candidatura, Jeb Bush culpou o governo central, do presidente democrata Barack Obama, pelos problemas do país e disse que sua intenção é retomar a influência dos Estados Unidos no mundo.

"Nós tiraremos Washington –a capital estática deste país dinâmico– da função de provocar problemas. Nós estaremos do lado das empresas livres e as pessoas livres. Eu sei como acertar isso, porque eu já fiz isso".

Jeb ainda falou das reformas educativas que fez na Flórida, promovendo as escolas "charter", instituições privadas aonde alunos sem recursos podem estudar usando vouchers pagos pelo governo estadual.

Colocado como um dos favoritos na disputa, o candidato afirmou que não dá a vaga como garantida. "Vou fazer campanha como eu gostaria de governar, ir a todos os lugares, conversar com todo mundo, enfrentando os problemas sem vacilar, e ser verdadeiro com o que eu acredito."

Ele ainda criticou a política externa conduzida por Obama, de quem sua adversária democrata Hillary Clinton foi secretária de Estado.

"Com sua política externa de mera formalidade, a equipe de Obama, Clinton e [John] Kerry deixa um legado de crises sem controle, violência sem oposição, inimigos sem nome, amigos sem defesa e alianças destruídas."

O logotipo oficial lançado nesta segunda traz seu apelido, Jeb (criado a partir das iniciais de John Ellis Bush) e um ponto de exclamação: Jeb! O sobrenome Bush foi omitido do logo.

HERANÇA

O sobrenome, antes considerado fortaleza, pela rede de contatos de doadores milionários da família, tem se tornado um problema no início de campanha.

Questionado se, sabendo o que se sabe hoje, a invasão do Iraque foi acertada, Jeb deu três respostas diferentes em três dias consecutivos –na primeira, endossou a guerra iniciada pelo irmão; depois de muito barulho, mudou completamente e disse que não teria feito a invasão.

Há duas semanas, mudou todo o comando da equipe da pré-campanha, demitindo assessores veteranos.

Durante um evento no Arizona, foi interpelado por uma universitária, em um vídeo que viralizou no país. "Seu irmão criou o Isis", bradou, usando a sigla comum em inglês para a milícia Estado Islâmico. Jeb ficou atônito, nas imagens captadas por celulares.

Várias declarações polêmicas de seus tempos de governador, no auge das chamadas "guerras culturais" americanas, estão sendo usadas contra o candidato.

De críticas pesadas ao casamento gay (que ele ainda se opõe) a dizer que mães solteiras "têm conduta irresponsável".

Influentes doadores do Partido Republicano, que apoiaram antes seu pai e seu irmão, estão demorando para endossar a candidatura de Jeb.

Alguns já endossaram publicamente a campanha do senador pela Flórida, Marco Rubio, ex-pupilo de Jeb, mas que decidiu concorrer à Presidência.

Além de ter que enfrentar Rubio em seu Estado, Jeb enfrentará a primária republicana mais disputada em 40 anos.

O partido de oposição ao presidente Barack Obama terá estimados 20 candidatos nesta fase preliminar para se descobrir quem será o adversário da favorita à nomeação do Partido Democrata, Hillary Clinton.

Nas pesquisas divulgadas nas últimas semanas, Jeb costuma estar entre os três favoritos à indicação republicana, junto com Rubio e com o governador de Wisconsin, Scott Walker.

Setores do partido apostam que Jeb pode reduzir a impopularidade dos republicanos com o crescente eleitorado latino. Jeb é fluente em espanhol e casado com a mexicana Columba desde 1974.

Editoria de Arte/Folhapress

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