Folha de S. Paulo


Após perder maioria, líder turco pede que se preserve estabilidade do país

Depois de não conseguir a maioria parlamentar pela primeira vez em 13 anos, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu aos partidos políticos que atuem com responsabilidade para preservar a estabilidade do país.

Sua agremiação, o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, em turco), obteve 40,8% dos votos e 258 das 550 cadeiras do Parlamento. Porém, precisará governar com uma coalizão, que parece improvável.

Umit Bektas/Reuters
Jornal chama de
Jornal chama de "derrocada" a perda da maioria do partido de Erdogan no Parlamento da Turquia

Em comunicado nesta segunda-feira (8), Erdogan lembrou que os resultados não permitem que nenhum partido forme sozinho um governo e pediu que as agremiações reajam de forma "saudável e realística" aos resultados.

"É de importância crucial para todos os partidos atuar com a sensibilidade necessária e adotar uma atitude responsável para preservar o clima de estabilidade e de confiança, assim como nossas conquistas democráticas".

Nesta segunda, o mandatário turco deverá se reunir com o primeiro-ministro, Ahmet Davutoglu, para definir que rumo tomar após a perda da maioria. Horas após o resultado, dois vice-primeiros-ministros deram sinais contraditórios.

Um deles, Numan Kurtumulus, disse que seu partido tentará formar uma coalizão, embora não descarte que haja uma nova eleição. "Acho que nosso primeiro-ministro será capaz de formar o governo no tempo previsto".

Por outro lado, seu colega de gabinete, Bulent Arinc, desafiou os partidos da oposição a formar uma coalizão contra o AKP. "Se houver uma coalizão, deixem que eles tentem formá-la. O AKP estará pronto para fazer sua parte se eles fracassam".

O partido de Erdogan continua sendo o maior do Parlamento, mas ficou a 18 cadeiras da maioria absoluta e longe dos 60% necessários para mudar a Constituição e instaurar o presidencialismo, como desejava o mandatário.

O segundo colocado foi o Partido Republicano do Povo, com 25,1%, seguido pelo Partido da Ação Nacional, com 16,4% e pelo curdo Partido Democrático dos Povos que, com 13,1% dos votos, terá pela primeira vez cadeiras no Parlamento.

INSTABILIDADE

A possibilidade de uma nova eleição se nenhum partido conseguir formar governo provocou uma reação negativa do mercado financeiro. A bolsa de Istambul começou a operar com queda de 8,3%, a maior em dois anos.

O Banco Central precisou intervir para conter a queda da lira turca. No início do pregão, o dólar chegou a estar cotado a 2,80 liras turcas, 5,6% a menos que a cotação final de sexta-feira (5).

Para conter a saída de divisas, a instituição informou que reduzirá a partir de terça as taxas aplicadas aos depósitos em divisas a curto prazo, de 4 a 3,5% para o dólar e de 2 a 1,5% para o euro.


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