Folha de S. Paulo


Político americano pagou para abafar escândalo sexual, diz 'NYT'

J. Dennis Hastert, 73, presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos por oito anos (1999-2007), teria pago um homem para que ele não revelasse que foi vítima de abuso sexual no passado, segundo informa nesta sexta-feira (29) o jornal "The New York Times".

A reportagem se baseou em duas fontes que falaram sob condição de anonimato e que tiveram acesso a documentos de uma investigação do FBI que apurou que Hastert vinha retirando largas somas de dinheiro de contas bancárias sem reportá-las às autoridades. Ele foi indiciado pelo crime na quinta (28), quando, porém, não foi revelado o motivo das transações.

Pablo Martinez Monsivais - 28 jul. 2009/associated press
Foto de 2009 mostra Dennis Hastert, com sua mulher, Jean, e seu neto, Jack, em frente a seu retrato
Foto de 2009 mostra Dennis Hastert, com sua mulher, Jean, e seu neto, Jack, em frente a seu retrato

O homem em questão –chamada de "Indivíduo A" pelos documentos do FBI teria sido "tocado de maneira inapropriada" por Hastert quando este era professor de ensino médio e treinador de luta livre.

Não está claro quando o abuso ocorreu, segundo o "NYT", mas Hastert trabalhou nessas funções entre 1965 e 1981 em Yorkville, no Estado de Illinois.

A vítima teria se encontrado com Hastert várias vezes em 2010 e, em um dos encontros, o ex-parlamentar republicano teria concordado em pagar US$ 3,5 milhões para manter o segredo. Desse valor, ele já teria repassado US$ 1,7 milhão.

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Foto de 1975 mostra Dennis Hastert (de pé, à esq.) quando ele ainda era treinador de luta livre
Foto de 1975 mostra Dennis Hastert (de pé, à esq.) quando ele ainda era treinador de luta livre

Entre junho de 2010 e abril de 2012, em 15 ocasiões distintas, Hastert retirou US$ 50 mil em dinheiro vivo de suas contas.

Como nos EUA transações envolvendo mais de US$ 10 mil precisam ser informadas pelos bancos às autoridades (por serem potencialmente indícios de crimes financeiros), Hasterst foi questionado sobre esses saques.

Na época, ele respondeu que, por não confiar no sistema bancário, havia decidido guardar dinheiro vivo.

A partir de então, Hasterst passou a retirar valores sempre em quantias menores de US$ 10 mil, para evitar suspeitas.

Desde que deixou o Congresso, em 2007, Hastert vem trabalhando como lobista, atividade que é legalizada nos EUA. Ele não foi encontrado pelo "NYT" para comentar a reportagem.


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